Economia

Mercado de trabalho aquecido e deflação no IGP-DI marcam semana de indicadores econômicos

04 ago 2025, 9:23 - atualizado em 04 ago 2025, 9:23
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Indicadores brasileiros de emprego, inflação e comércio exterior, somados aos dados da China, devem orientar expectativas sobre crescimento e política monetária. (Imagem: Getty Images/Canva)

O mercado financeiro inicia a semana atento a uma série de indicadores que vão ajudar a calibrar expectativas sobre a economia brasileira e global.

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No Brasil, os holofotes se voltam para o Caged de junho, que deve confirmar a criação de cerca de 210 mil vagas formais, e para o IGP-DI de julho, que deve registrar nova deflação, reforçando o cenário de desinflação. A atividade econômica segue dando sinais mistos: enquanto o mercado de trabalho permanece aquecido, o setor privado mostra cautela, com PMIs próximos à linha de contração.

No front externo, a balança comercial brasileira deve exibir superávit próximo de US$ 6,8 bilhões, enquanto dados da China sobre comércio e inflação ajudarão a medir os efeitos dos recentes estímulos sobre o crescimento do país.

Confira a agenda e projeções para a semana

  • No mercado de trabalho, a expectativa é que o Caged registre a criação de cerca de 210 mil novas vagas com carteira assinada em junho. A taxa de desocupação caiu para 5,8% no trimestre encerrado em junho, o que sugere maior aquecimento no mercado de trabalho e provável bom desempenho no saldo de empregos formais.
    Apesar da desaceleração da economia em 2025, o mercado de trabalho segue apertado, o que pode adiar as expectativas de cortes na taxa Selic para dezembro. O Banco Central deve buscar evidências mais consistentes de arrefecimento da atividade e do emprego antes de sinalizar uma flexibilização mais clara da política monetária.
  • O PMI Composto brasileiro de julho deve oscilar entre estabilidade e leve retração. Embora alguns dados mostrem sinais positivos, como o aumento do consumo de aço, da importação de bens intermediários e do uso de energia industrial, o conjunto dos indicadores antecedentes ainda pesa negativamente.
    Os PMIs setoriais recuaram, a demanda por cimento cedeu, a produção de veículos caiu e o fluxo pedagiado perdeu tração. Essa combinação sugere um setor privado ainda cauteloso e um ambiente de negócios pouco dinâmico, o que tende a manter o indicador abaixo da linha dos 50 pontos, que marca a fronteira entre contração e expansão.
  • A balança comercial brasileira referente a julho deve apresentar novo superávit próximo de US$ 6,8 bilhões. Após a desaceleração registrada em junho, quando o superávit caiu para US$ 5,9 bilhões, os números devem voltar a ganhar fôlego.
    Apesar das incertezas envolvendo o comércio exterior brasileiro, as tarifas ainda não entraram em vigor e o câmbio tem se mostrado mais estável, o que favorece uma leve recuperação. Além disso, a perda de ritmo da atividade econômica deve começar a impactar as importações, contribuindo para o saldo positivo no mês.
  • O IGP-DI de julho deve registrar nova deflação, de -0,60%, após o recuo de 1,80% em junho. A queda dos preços das matérias-primas brutas continua puxando o índice, com destaque para commodities como o café e o minério de ferro. No varejo, esses movimentos começam a se refletir em desaceleração nos preços finais, ainda que de forma gradual.
    O recuo no IPA, que tem o maior peso dentro do índice, reforça a leitura de um ambiente desinflacionário persistente, o que pode sustentar expectativas mais benignas sobre a inflação ao consumidor nos próximos meses.
  • Na China, o setor externo continua sendo o principal pilar de sustentação da economia. As exportações devem apresentar nova alta em julho, dando sequência à recuperação vista em junho, quando cresceram 5,8% na comparação anual. A política de estímulo e a diversificação de mercados vêm surtindo efeito, enquanto as importações seguem fracas, refletindo uma demanda interna ainda hesitante.
    Os dados da balança comercial, combinados com os números de inflação (ou deflação) aos produtores e consumidores em julho, devem fornecer pistas sobre o atual ritmo de crescimento da economia chinesa, após os recentes estímulos monetários e fiscais endereçados por Pequim.

Agenda de indicadores entre 04 de julho a 08 de agosto:

Segunda-feira, 04 de agosto

Horário País Indicador
Reino Unido Feriado
8h25 Brasil Relatório Focus (Semanal)
14h30 Brasil Caged
21h30 Japão PMI de Serviços
22h45 China PMI de Serviços

Terça-feira, 05 de agosto

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Horário País Indicador
05h Zona do euro PMI de Serviços e Composto
06h Zona do euro PPI
08h Brasil Ata do Copom
9h30 EUA Balança comercial
10h Brasil PMI de Serviços e Composto
10h45 EUA PMI de Serviços e Composto

Quarta-feira, 06 de agosto

Horário País Indicador
06h Zona do euro Vendas no varejo
15h Brasil Balança comercial

Quinta-feira, 07 de agosto

Horário País Indicador
00h China Balança comercial
08h Brasil IGP-DI
09h Brasil PPI
9h30 EUA Pedidos semanais de seguro-desemprego
11h Brasil Produção de veículos

Sexta-feira, 08 de agosto

Horário País Indicador
22h30 China CPI
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Consultor Econômico da plataforma Remessa Online
André Galhardo é economista-chefe da Análise Econômica, mestre em Economia Política pela PUC-SP, professor e coordenador universitário do curso de Ciências Econômicas. É autor do livro O Salto do Sapo: a difícil corrida brasileira rumo ao desenvolvimento econômico, que recebeu menção honrosa no Prêmio Brasil de Economia 2021 do Cofecon. Foi premiado pelo Banco Central nos anos de 2023 e 2024 por liderar o ranking anual Top 5 do Boletim Focus na categoria de projeções da taxa de desocupação da PNAD Contínua.
andre.galhardo@autor.www.moneytimes.com.br
André Galhardo é economista-chefe da Análise Econômica, mestre em Economia Política pela PUC-SP, professor e coordenador universitário do curso de Ciências Econômicas. É autor do livro O Salto do Sapo: a difícil corrida brasileira rumo ao desenvolvimento econômico, que recebeu menção honrosa no Prêmio Brasil de Economia 2021 do Cofecon. Foi premiado pelo Banco Central nos anos de 2023 e 2024 por liderar o ranking anual Top 5 do Boletim Focus na categoria de projeções da taxa de desocupação da PNAD Contínua.