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Mercado Livre (MELI34): Política argentina e parceria entre Amazon e Rappi são novos riscos

09 set 2025, 16:36 - atualizado em 09 set 2025, 18:44
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(Imagem: Shutterstock/Alison Nunes Calazans)

Após o Mercado Livre (MELI34) ter entrado no radar do mercado como um possível novo risco para as farmacêuticas na última semana, agora foi a vez de duas novas variáveis aparecerem nas análises sobre a gigante do e-commerce: a questão política na Argentina, seu país de origem, e a compra de uma fatia da Rappi pela Amazon.

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Nesta semana, o governo do presidente argentino, Javier Milei, sofreu uma grande derrota. Seu partido perdeu a disputa por cadeiras no Congresso do país na província de Buenos Aires, vista como um “termômetro” para a disputa presidencial. 

“Com eleições legislativas marcadas para outubro e maus resultados recentes do governo nas eleições da província de Buenos Aires. Esse fator pode se tornar um obstáculo tático relevante e merece monitoramento”, comenta a equipe, liderada por Luiz Guanais. 

Apesar das melhorias recentes em variáveis macroeconômicas — como a forte redução da inflação e o fim dos controles de capitais —, o banco enxerga o cenário como ainda volátil no país. 

Argentina se consolidou como motor

O BTG lembra que o negócio do Mercado Livre na Argentina voltou a se consolidar como motor de lucros nos últimos trimestres, em parte pela melhora macroeconômica, sendo um dos principais fatores para revisões positivas nas estimativas desde o início de 2024. 

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Só no primeiro semestre de 2025, a Argentina gerou US$ 2,9 bilhões em receita líquida, representando 23% do faturamento total. A contribuição direta do país para o caixa do Mercado Livre chegou a US$ 1,3 bilhão no semestre, implicando uma margem de 45% e respondendo por 44% da contribuição direta de US$ 2,95 bilhões. 

E o crescimento argentino foi impulsionado pelas divisões de crédito – setor particularmente sensível a mudanças econômicas, sendo que o governo Javier Milei vem melhorando algumas variáveis (controlando a inflação, por exemplo).

Além disso, a empresa acelerou os investimentos no país, em parte por conta da melhora macro, e uma piora pode frustrá-la.

“A Argentina se mantém como um mercado de alto risco e de alta recompensa, onde a execução e a agilidade regulatória serão determinantes para que a MELI sustente seu papel como espinha dorsal das finanças digitais no país”, menciona o time do BTG Pactual.

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Mercado Livre e a concorrência da Amazon

Já quanto à entrada da Amazon no mercado de entregas ultrarrápidas, para o Santander, isso indica que um dos próximos desafios dos players de e-commerce estará nesta frente. 

A Amazon firmou uma parceria estratégica com a Rappi que inclui uma nota conversível de US$ 25 milhões e warrants (instrumento financeiro derivativo)  para adquirir até 12% da companhia. A parceria daria à Amazon a opção de converter uma participação minoritária, condicionada a marcos, ao mesmo tempo em que aproveita a rede de última milha da Rappi e sua presença no varejo instantâneo pela América Latina.

A visão da equipe do banco espanhol, liderado por Ruben Couto, é de que a promessa da Rappi “Turbo”, de entregas em menos de dez minutos, e sua crescente oferta de serviços financeiros devem complementar o e-commerce da Amazon na região.

O movimento adiciona mais uma frente estratégica ao uso de warrants com parceiros operacionais pela Amazon e pode posicionar a Rappi como parceira preferencial em mercados-chave. 

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“Enxergamos isso como passos iniciais na fase pós-fulfillment, em que a competição entre marketplaces online passa da escala logística para a densidade de entregas ultrarrápidas”, fala o Santander. 

O time enxerga que o impacto no curto prazo é limitado para o Mercado Livre, mas que se trata de um risco que merece atenção no médio prazo.

Para eles, o desbloqueio do capex logístico dos principais marketplaces ainda está em curso e o próximo desafio deve se concentrar no segmento de compras instantâneas (refeições, supermercados, farmácias e conveniência).

“Por ora, não mudamos nossa avaliação sobre o MELI, considerando a força de seu ecossistema e a difícil economia unitária para players de última milha. Ainda assim, acreditamos que a maior intensidade de subsídios e a competição pela oferta de entregadores podem se tornar um tema relevante a partir de 2026”, completam.

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vitor.azevedo@moneytimes.com.br