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Mercado Livre (MELI34): por que números do 4T22 fazem jus à pompa de ‘Amazon’ da América Latina

24 fev 2023, 16:21 - atualizado em 24 fev 2023, 16:21
Mercado Livre
Mercado Livre supera a estimativa de EPS em 60% e reverte prejuízo no 4T22 (Imagem: Shutterstock/casa.da.photo)

O Mercado Livre (MELI;MELI34) criou uma tradição de bons resultados corporativos. Para o agrado do investidor, desta vez não foi diferente.

A aprovação ao último balanço reflete uma alta de 1% da ação listada na Nasdaq nesta tarde. O movimento relega o pregão fortemente negativo da bolsa das techs, que recua mais de 2,0% em meio à piora do cenário para os juros nos Estados Unidos. No ano, a evolução do papel chega a uma valorização de quase 40%.

Em números gerais, o Meli obteve um lucro líquido de US$ 167,4 milhões de outubro a dezembro, revertendo prejuízo de US$ 46,1 milhões no mesmo período de 2021. A receita líquida foi de US$ 3 bilhões, um crescimento de 40,9% na comparação com o mesmo período do ano anterior (56,5% em moeda constante).

Para Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, os números do último trimestre de 2022 mostram que a gigante do e-commerce “reforçam a resiliência do seu modelo de negócios e a capacidade de seguir expandindo a operação a despeito de um cenário macro adverso”.

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O que você precisa saber do balanço do Mercado Livre

O Mercado Livre continua colhendo os frutos de um investimento contínuo em infraestrutura, bem como a malha logística própria, que atingiu a impressionante marca de 94% da rede gerenciada. Já o fulfillment, serviço no qual a Meli realiza o armazenamento, embalagem e entrega dos pedidos, atingiu uma penetração de 43% em termos consolidados, contra 30% dois anos antes.

Atualmente, 76% dos pedidos estão sendo entregues em até 48 horas. Segundo Ferrer, “depois de robustos investimentos nos últimos três anos (apenas em 2022, foram R$ 17 bilhões), é esperado que a companhia siga em busca de melhorar a sua plataforma logística”.

Confira os números de ‘ouro’ do balanço

E-commerce gira R$ 10 bilhões no 4T22: o volume bruto de mercadorias transacionadas (GMV, na sigla em inglês) alcançou a marca de US$ 9,6 bilhões, crescimento de 35% na comparação anual. O take rate (porcentagem paga para quem anuncia a cada transação) do segmento de e-commerce expandiu por mais um trimestre, para 17%, influenciado pelo aumento da penetração da iniciativa de anúncios (advertising) e do repasse de preços para os vendedores (sellers).

Ao longo dos últimos anos, é interessante ver como a companhia tem conseguido aumentar as funcionalidades para os sellers e clientes e, com isso, o take rate da operação. Em 2010, por exemplo, o take rate era de apenas 6%.

Cada vez mais, a Amazon da América Latina: o Meli reportou avanço nos seus principais mercados, com destaque especial para a sua terra natal, a Argentina, onde a empresa obteve um crescimento de 146% em receita. Logo depois vem México, com 46% de crescimento, e Brasil, com 28%.

Mercado Pago apresenta números ‘superlativos’: O volume total de pagamentos (TPV) atingiu US$ 36 bilhões, um aumento de 80% em relação ao 4T21. Do total, US$ 25 bilhões é referente ao TPV off marketplace (fora do Meli), enquanto o restante está sendo transacionado dentro da própria plataforma da companhia.

Desaceleração no Mercado Crédito não assustou: o portfólio do Mercado Crédito cresceu 68% para US$ 2,8 bilhões, uma desaceleração em relação ao crescimento apresentado nos últimos trimestres em função de uma redução na originação de crédito por causa do cenário mais desafiador em termos de inadimplência, tal qual tem ocorridos com outras fintechs e bancos.

Mercado Livre cresce no vácuo da Americanas; BofA eleva preço-alvo

De acordo com o Bank of America (BofA), os números corporativos do último trimestre dão claros indícios de que o Mercado Livre está aumentando a participação de mercado no Brasil. Com isso, a empresa argentina deve se tornar um ‘favorito para preencher o vácuo deixado pela recuperação judicial da Americanas (AMER3)’.

“Nós acreditamos que a queda da Americanas pode gerar um aumento de 20 pontos-percentuais no GMV da operação brasileira”, diz o banco de investimentos. O BofA prevê condições favoráveis para um ‘reboot’ do modelo 1P (quando uma empresa vende diretamente para o consumidor final através de uma loja online), historicamente dominado pelas varejistas brasileiras.

Nesse sentido, o modelo beneficiaria da debandada de fornecedores da Americanas, que agora procuram estender “contratos promocionais para alternativas mais saudáveis [do que as Americanas]”, diz o BofA. Ademais, uma melhora da receita com anúncios também podem dar suporte à lucratividade da iniciativa.

O BofA aumenta a estimativa de lucro por ação para o biênio 2023/2024 de US$ 9,15/US14,73 para US$ 12,18/US$ 21/59 para refletir as oportunidades relacionadas ao aumento do market share da empresa, bem como o crescimento de receita e da monetização.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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