Mercados

Mercado mandou recado ao governo eleito e espera respostas a questões econômicas

14 nov 2022, 10:14 - atualizado em 14 nov 2022, 10:20
Ibovespa
Ibovespa, dólar e juros futuros reagiram mal aos sinais do governo eleito e ainda aguardam moderação no tom sobre questão fiscal para alterar tendência (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O mercado doméstico mandou um recado ao governo eleito na semana passada. Apesar de certo exagero na forte pressão vendedora (sell off) nos ativos de risco, é preciso sanar as incertezas fiscais e sobre o rumo da política econômica para acalmar o nervos dos investidores.

“Ao contrário da expectativa inicial, o novo governo não está moderando o discurso sobre a agenda fiscal”, afirma um diretor da mesa de operações de um banco estrangeiro, que preferiu não ser identificado. 

Para ele, o movimento do Ibovespa, do dólar e dos juros futuros visto na última quinta-feira (10) foi exacerbado. “Houve um tipo de distorção incomum, pois geralmente ocorre uma convergência – ou com o câmbio e o Ibovespa vendendo mais para acompanhar as taxas de juros; ou com as taxas arrefecendo para alcançar o dólar e o Ibovespa”, explica.

Mais que isso, o comportamento local relegou o rali externo, em meio ao alívio com a inflação nos Estados Unidos. “No Brasil, o movimento foi essencialmente idiossincrático”, explica.

Governo eleito testa paciência do mercado

Naquele dia 10, o Ibovespa teve o pior pregão em 12 meses, ficando abaixo dos 110 mil pontos, enquanto o dólar disparou mais de 4%, na maior alta diária desde março de 2020. Apesar do respiro no dia seguinte, foi como usar band-aid para curar gangrena.  

“Os ativos locais apresentaram forte deterioração na semana passada e sua estabilização irá demandar sinais mais maduros por parte do novo governo”, afirmou o CIO da TAG Investimentos, Dan Kawa, em comentário no domingo (13). 

Assim, qualquer movimento de recuperação tende a ser passageiro, ainda que o lado técnico esteja mais limpo. “O viés é mais negativo para o longo prazo, mas houve forte movimento de ‘stop loss’ e fluxos de saída no curto prazo, o que pode ajudar em alguma consolidação”, emenda Kawa, referindo-se às ordens de perda máxima aceitável.

Mercado é soberano

Portanto, somente uma mudança de tom por parte do novo governo será capaz de alterar a tendência dos ativos locais nos próximos meses. “O novo governo deveria ter uma abordagem moderada com o mercado”, afirma o diretor citado acima. 

Afinal, a história ensina que toda vez que governos – principalmente de “esquerda” – tentaram brigar com o mercado, acabaram levando a pior. Trata-se de uma questão de “lugar de fala”, explicou o economista André Perfeito, pelo Twitter.

Afinal, o mercado “sempre ganha”, emendou: 

Ainda assim, vale lembrar que o terceiro mandato do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva nem começou. E qualquer semelhança entre o nervosismo com o petista no poder com o que se viu na primeira vez em que ele ganhou nas urnas não é mera coincidência. 

Afinal, como os filósofos clássicos ensinam: todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo se repetem duas vezes. E essa ideologia alemã é exatamente o que se observa nos mercados pós-eleições deste ano.  Basta um olhar atento para o investidor se preparar para o que vem por aí…

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Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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