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Mercado vê sinais de continuidade em indicações à Petrobras (PETR4); FUP cobra mudanças

03 fev 2023, 19:40 - atualizado em 03 fev 2023, 19:40
Petrobras
As ações da Petrobras operavam em alta de 0,77% perto do fechamento do mercado, enquanto o Ibovespa cedia 1,6% (Imagem: Bloomberg)

As indicações para cinco diretorias da Petrobras (PETR4) feitas pelo CEO Jean Paul Prates agradaram analistas de mercado, que viram um “senso de continuidade” na presença de funcionários de carreira da petroleira entre os apontados para comandar áreas de comercialização, exploração, produção e refino.

Por outro lado, o anúncio feito na véspera pela empresa foi seguido de manifestação que manteve o tom de cobrança da Federação Única dos Petroleiros (FUP).

A entidade sindical ligada ao PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reforçou nesta sexta-feira pedidos de mudanças na petroleira.

“O fato de que uma de suas primeiras decisões como CEO foi nomear membros da alta administração que são funcionários de carreira da Petrobras… é encorajador”, afirmaram analistas do BTG Pactual, em relatório a clientes, pontuando que apenas um dos indicados não pertence aos quadros da petroleira.

A aprovação dos nomes poderá levar mais algumas semanas. Mas analistas do BTG apontaram não ver grandes obstáculos ou resistência dos comitês internos, “principalmente pelos seus longos registros em cargos seniores na Petrobras que fornecem um (muito necessário) senso de continuidade”, frisaram.

As ações da Petrobras operavam em alta de 0,77% perto do fechamento do mercado, enquanto o Ibovespa cedia 1,6%.

Prates indicou cinco novos diretores, que passarão agora por testes de integridade e elegibilidade dentro da companhia nas próximas semanas, antes que suas aprovações possam ser decididas pelo Conselho de Administração da empresa.

O fato de que uma de suas primeiras decisões como CEO foi nomear membros da alta administração que são funcionários de carreira da Petrobras (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

Atualmente, a diretoria da Petrobras conta com nove cadeiras, incluindo a do CEO. Prates não apontou até o momento nomes para as diretorias financeira, de governança e de sustentabilidade.

Ele confirmou ainda recentemente que criará, em um segundo momento, uma diretoria de transição energética.

Analistas do Credit Suisse destacaram também em nota a clientes que os nomes técnicos atenuam os “riscos de nomeações políticas”.

Prates realizou reuniões com diferentes alas de seu partido, o PT, para definir sua lista de indicações, mas a maioria do indicados até o momento possui vasta experiência na Petrobras.

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Pressões por Mudanças

Sem citar nomes ou fazer qualquer juízo de valor em relação aos indicados, o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, afirmou em nota nesta sexta-feira que “além de capacidade técnica, é preciso profissionais comprometidos com o projeto de reconstrução da Petrobras”.

Bacelar disse ainda que acompanhará a gestão de Prates e cobrará promessas feitas pelo governo Lula.

“Para que a Petrobras volte a ser uma empresa integrada, atuando em todo o território nacional e valorizando seus trabalhadores e a indústria nacional, muitas mudanças terão que ser realizadas na companhia”, afirmou.

Para que a Petrobras volte a ser uma empresa integrada, atuando em todo o território nacional e valorizando seus trabalhadores e a indústria nacional (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

Dentre as mudanças prometidas, Prates indicou anteriormente que deverá reduzir o pagamento de dividendos, priorizando a alocação de capital em grandes projetos.

O tema é visto de forma receosa pelos bancos, que ainda apontam temores diante da nova gestão.

Em relatório a clientes, O Citi destacou ver riscos envolvendo a Petrobras, “devido às possíveis mudanças na estratégia de longo prazo da empresa e à incerteza sobre sua futura alocação de capital”.

O banco também alertou para possíveis mudanças em sua política de preços de combustíveis.