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Microsoft (MSFT) vs. Google (GOOG): Apenas uma empresa passou pela prova da Inteligência Artificial no 3T23

25 out 2023, 16:35 - atualizado em 25 out 2023, 17:01
Microsoft impostos Alphabet
Microsoft passa pelo crivo dos IA, enquanto controladora do Google deixa a desejar (Imagem: REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração)

No ano em que a inteligência artificial (IA) se transformou na tese de investimento mais badalada do mercado, seria ingênuo acreditar que o tema não voltasse a guiar as discussões dos resultados financeiros das empresas de tecnologia.

Foi extamente isso que aconteceu. Alphabet (GOOG; GOOGL), controladora do Google, e Microsoft (MSFT) iniciaram a fornada de resultados do “3T23” das big techs, levando a reações de mercado intimamente ligadas ao que conseguiram apresentar no quesito IA.

Enquanto a Microsoft conserva ganhos próximos de 3% neste início de tarde, a dona do Google aprofunda a queda do after market de ontem e já opera com mais de 9% de baixa.



O calcanhar de Aquiles da Alphabet no trimestre veio do crescimento decepcionante do Google Cloud, segmento de onde os investidores esperam os maiores avanços em inteligência artificial.

De acordo com analistas do Itaú BBA, o Google Cloud teve uma desaceleração que já é sequencial nas receitas da divisão, em meio a um processo de “otimização dos usuários da Google Cloud Platform” reportado pela companhia.

Entre os terceiros trimestres de 2022 e 2023, o segmento de nuvem expandiu “apenas” 22%, 6 pontos percentuais abaixo do observado no trimestre imediatamente anterior.

O lado da Alphabet perde ainda mais brilho quando comparado ao forte resultado da Azure, a divisão de nuvem das competidora Microsoft. No trimestre, a “menina dos olhos” da Microsoft obteve um avanço de 29% no confronto anual.

De acordo com a avaliação de analistas do mercado americano, tanto Microsoft quanto Alphabet anotaram um aumento das despesas operacionais (opex) durante o trimestre, impulsionado por investimentos em inteligência artificial.

Porém, só a Microsoft teve a habilidade de converter este aumento dos custos em receitas substanciais.

Google: estagnação fica no ar

Para além da grande decepção na Google Cloud, analistas saíram frustrados com o fato de a companhia ter apresentado números convincentes em setores já dominados por ela.

Houve, por exemplo, crescimento de duplo dígito nas receitas adquiridas pela divisão de Search (mecanismo de busca).

No entanto, segundo o Itaú BBA, o fato de o Google já ser o buscador hegemônico da internet faz a divisão não ter muito mais para onde crescer. “Parece desafiador continuar acelerando, considerando a alta penetração desta categoria nos dias atuais”, comenta.

Também pesou contra a empresa a falta de detalhes sobre como o Bard, a IA generativa do Google, está efetivamente impactando a receita do carro-chefe da companhia.

A Alphabet também trouxe avanço de 12 % nas receitas com YouTube, para US$ 8 bilhões, impulsionadas pela retomada de publicidade. Analistas do Itaú BBA, porém, não veem a plataforma de vídeos tendo dimensão o suficiente para virar o jogo do pessimismo sobre as ações da companhia.

Em termos gerais, os analistas do Itaú disseram ter saído da teleconferência com a impressão que o momento de expansão de margens, que vinha acompanhando o Google nos trimestres anteriores, está perdendo o fôlego.

“Provavelmente, gastos operacionais continuarão pressionados e o capex deverá aumentar em 2024”, arrematam.

Microsoft: “Um balanço para não se esquecer”

Em um tom totalmente contrastante com a rival, a Microsoft arrancou aplausos dos analistas em mais um balanço acima da expectativa de Wall Street.

No período, que é considerado o primeiro trimestre fiscal de 2024 para a empresa, a receita total foi de US$ 57 bilhões, um crescimento de 12% na base anual. O lucro líquido atingiu a marca de US$ 22,3 bilhões, um avanço de 27% em relação ao ano passado; a margem operacional da companhia foi de 48% no trimestre.

O destaque principal ficou por conta do Azure, o serviço de computação de nuvem da companhia. Além de ter apresentado um crescimento de 28% em receitas no confronto anual, o Azure se tornou também mais rentável — uma expansão de 500 pontos-base no Ebit da companhia.

Vale notar que dessa expansão de 0,5 ponto percentual na métrica de lucratividade, cerca de 60% foi originado por IA.

“E esses números acontecem ainda antes da adesão massiva ao Office Copilot”, diz o Itaú BBA, em referência à repaginação do Pacote Office, que contará com funcionalidades integradas à inteligência artificial.

Além do segmento de computação em nuvem, Matheus Popst, sócio da Arbor Capital, salienta um bom resultado e surpreendente desempenho para o Windows OEM, o software de PCs ofertado pela Microsoft.

“Embora a companhia tenha previamente diminuído o guidance para a divisão, que vinha acumulando diversos trimestres de fraqueza, os números reportados ontem indicaram um crescimento positivo, de 4%”, diz Popst.

Além disso, o LinkedIn surpreendeu positivamente os analistas, com um avanço de receita de 8%, em meio a um aumento no engajamento dos usuários na rede.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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