Minerva (BEEF3): BTG reduz preço-alvo mesmo após injeção de R$ 2 bi; 2T25 deve ter suporte da China e EUA

O BTG Pactual reduziu seu preço-alvo para as ações Minerva Foods (BEEF3) de R$ 10 para R$ 8 (potencial de alta de 66,32%), mantendo a recomendação neutra para o papel.
O corte acontece após a conclusão da injeção de capital de R$ 2 bilhões, em que parte desse valor já foi utilizado para recomprar títulos de dívida com desconto, gerando valor para os acionistas. Os bônus de subscrição vinculados, se exercidos totalmente, podem gerar mais R$ 1 bilhão nos próximos três anos.
Para os analistas, o cenário de curto prazo para a Minerva parece construtivo, com o bom ritmo das exportações e a monetização dos estoques devendo sustentar resultados fortes.
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“Em um mercado que busca histórias de crescimento de lucro, há espaço para uma visão tática positiva. No entanto, a alavancagem continua elevada, o risco sobre o fluxo de caixa persiste e o ciclo pecuário no Brasil está começando a se inverter”, veem Thiago Duarte e Guilherme Guttila.
“A 5,1x EV/Ebitda, o papel negocia próximo da média histórica de 10 anos de 5,3x, oferecendo um colchão de valuation limitado. Em um ambiente de juros elevados, é difícil justificar a manutenção de um ativo de baixo yield e alta dívida numa visão de 12 meses”.
Nesta terça-feira (24), BEEF3 encerrou as negociações na B3 com queda de 1,46%, a R$ 4,74. No ano, as ações da companhia acumulam valorização de 15%.
Exportações devem puxar 2T25 para Minerva
O banco aponta que o 1T25 foi decepcionante, com receita e Ebitda abaixo das nossas expectativas, sendo que parte relevante dessa frustração pode ser atribuída ao aumento de estoques.
“O volume de abate de bovinos no Brasil subiu 32% na comparação trimestral, enquanto os volumes de venda cresceram apenas 3%. Acreditamos que a Minerva aproveitou a cota de importação livre de impostos dos EUA para antecipar exportações e formar estoques de carne para vendas futuras”.
A expectativa é de que esses estoques sejam monetizados no segundo trimestre a preços elevados, dado que os preços da carne bovina nos EUA continuam renovando máximas históricas. As exportações para China e Estados Unidos também seguem fortes, o que deve gerar ventos favoráveis adicionais.
E o fluxo de caixa?
Com despesas elevadas e possível pressão no capital de giro devido ao ramp-up das plantas adquiridas da Marfrig (MRFG3), o BTG não espera que a Minerva gere fluxo de caixa livre relevante no curto prazo.
“Nosso modelo aponta para um consumo de caixa de R$ 1,9 bilhão em 2025 e uma geração modesta de R$ 200 milhões em 2026 (um yield de 3%). A partir de 2027, a expectativa é que a queda nas taxas de juros comece a aliviar parte dessa pressão, permitindo uma geração de caixa mais robusta”.
No curto prazo, os analistas esperam uma melhoria na margem, impulsionada pela entrada em operação das plantas adquiridas. Esse é um dos principais motores por trás da projeção de margem Ebitda de 9,2% em 2026 (contra 8,8% em 2025), mesmo com o ciclo pecuário no Brasil começando a virar, pressionando a rentabilidade.
“No entanto, mesmo após o aumento de capital, acreditamos que a alavancagem continua elevada, especialmente quando ajustada pelas linhas de financiamento de capital de giro. Nos últimos trimestres, a Minerva tem recorrido a estratégias como antecipação de clientes, financiamento de fornecedores e uso de FIDCs para fortalecer o caixa”.
Embora essas estratégias façam sentido no contexto, o banco destaca o custo. “Quando fazemos todos os ajustes, estimamos que a dívida líquida atinja R$ 17,8 bilhões até o final de 2025, o que implica uma alavancagem de 3,9x”.