Minerva (BEEF3) cai 5% após resultado; analistas atentam para “sustentação” de números

As ações da Minerva (BEEF3) caíram mais de 5% nesta quinta-feira (7), após ter aberto o pregão em alta de quase 1%. A companhia divulgou seu resultado na noite de ontem, com um lucro líquido de R$ 458 milhões. alta de 380,2% no ano.
O BTG Pactual afirmou que tanto o lucro líquido quanto o Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês), este de R$ 1,3 bilhão, vieram acima do esperado. No entanto, pede “atenção aos detalhes”.
“É fundamental analisar esses números no contexto de todo o primeiro semestre. No 1T25, os resultados ficaram abaixo das expectativas devido a volumes de vendas relativamente fracos — cresceram apenas 1% na base trimestral, apesar de o abate de gado ter avançado 20% na mesma base”, contextualiza o banco.
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O BTG afirma que a Minerva carregou estoques de carne bovina para o segundo trimestre, o que impulsionou as vendas (o volume cresceu 22% frente ao período entre janeiro e março). Esse detalhe, para o banco, é crucial para entender se o atual patamar da receita vai se sustentar no futuro próximo.
“Os estoques ainda altos indicam que o padrão de fortes volumes de venda (acima do crescimento da produção) pode se repetir no 3T25, mas parece improvável que dure muito mais”, fala a instituição financeira.
Os analistas do BTG também destacam a queda margem Ebitda, de 9,4% ante 9,7% um ano antes (em parte por conta da integração de novos ativos) e o fluxo de caixa “praticamente nulo” no 2T25 (por conta de estoques e recebíveis ainda elevados).
“Esse aumento na necessidade de capital de giro mais do que compensou o crescimento do financiamento de fornecedores”, diz o BTG.
Para o BTG, uma postura mais otimista exigiria margens operacionais mais expressivas, o que vai contra a visão do banco, que prevê preços do boi subindo o “ímpeto do mercado de exportação de carne bovina desacelerando após a imposição de tarifas de importação pelos EUA”.
Visões mais positivas para a Minerva
Do outro lado, o Santander recebeu bem os números da Minerva. O banco destaca a alta do Ebitda, falando do ganho de escala operacional por conta dos ativos recém-integrados e pela eficiência em despesas com vendas, gerais e administrativas (SG&A).
“Com crescimento de 31% nas vendas, as despesas se diluíram sobre os volumes, contribuindo para a expansão das margens na base trimestral”, diz o banco.
O Santander também traz uma visão mais positiva para o futuro do preço do boi, enxergando que a oferta no Brasil continua favorável. Além disso, o banco vê as exportações permanecendo em patamares elevados.
“Argentina, Uruguai e Paraguai também apresentaram contribuição relevante, com os EUA absorvendo uma parcela maior dos volumes em meio a um ciclo de gado mais restrito. Esse equilíbrio geográfico confere à Minerva flexibilidade para ajustar-se a variações na demanda global”, diz.
O BBI, por sua vez, menciona que a Minerva deve trazer mais evoluções de margens, na medida que encontra sinergias na integração de novos ativos.
“Por fim, ainda vale comentar que a companhia divulgou ontem um fato relevante informando que submeterá à assembleia uma proposta para redução de capital social no montante de R$ 577,3 milhões visando à absorção dos prejuízos acumulados constantes nas demonstrações financeiras referente ao exercício social de 2024”, diz a análise do braço de investimentos do Banco do Brasil.
O BBI também menciona que em teleconferência a gestão da companhia calculou o potencial de geração de caixa para o segundo semestre deste ano, que deve ficar entre R$ 1,2 a 2,2 bilhões. “Esse movimento contribuiria para a gradual redução da alavancagem financeira, aliviando preocupações dos investidores em um cenário de taxas de juros mais altas”, completa.
Enquanto o BTG está neutro para Minerva, com preço-alvo em R$ 8, Santander e BBI têm recomendações outperform (equivalente à compra), com preços-alvos, respectivamente, em R$ 7,10 e R$ 9.