Ministro da AGU avalia que tarifa de Trump sobre Brasil tem ‘big techs’ como motivação principal

O advogado-geral da União, Jorge Messias, disse nesta quarta-feira (16) que avalia que a ameaça do presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, em taxar produtos brasileiros em 50% a partir de 1º de agosto tem como motivação principal o “medo” de que o Brasil avance em legislações para regular as “big techs”.
Falando em entrevista ao portal de notícias Metrópoles, Messias ainda afirmou que as big techs são atualmente a grande arma que os EUA têm para impor sua vontade sobre outros países. Ele fez a avaliação de que o processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro é uma questão “menor” para Trump.
“Nós suspeitamos que isso (processo de Bolsonaro) seja algo absolutamente menor para ele (Trump)”, disse Messias.
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“Eu tenho uma avaliação muito própria de que o grande motivador dessa reação do presidente Trump tem nome e sobrenome, para mim são as big techs… Hoje a grande arma de guerra que os Estados Unidos têm para impor suas vontades a outros países é esse instrumento das big techs. As grandes big techs hoje são empresas com capital e controle norte-americanos e querem impor a sua agenda aos outros países”, avaliou.
Na carta em que anunciou as tarifas, na semana passada, Trump mencionou o processo judicial contra Bolsonaro e medidas judiciais que avalia como injustas em relação às big techs como razões para sua decisão. O documento veio depois de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) ampliar o rol de obrigações das big techs com atuação no Brasil na remoção de conteúdos considerados ilícitos.
“Eles temem que o Brasil avance em sua defesa democrática e estabeleça marcos civilizatórios para limitar a ação dessas big techs”, disse Messias na entrevista.
“Aqui conosco não tem vez. Se quiser sentar e dialogar conosco é olho no olho. Não vai ter interferência externa para achar que big tech vai mandar aqui, porque big tech não manda no Brasil”, disparou.
Messias fez ainda avaliação de que o governo norte-americano lançou uma investigação formal sobre práticas comerciais supostamente desleais do Brasil, pois Trump teria compreendido que seu argumento para a imposição de tarifas ao Brasil “é frágil, não tem sustentação fática”.
Ao anunciar que imporá tarifas comerciais ao Brasil, Trump alegou falsamente que os EUA têm um déficit comercial com o Brasil, quando, na verdade, o saldo é favorável aos Estados Unidos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem afirmado que buscará de todas as formas negociar para evitar a concretização da imposição de tarifas e delegou ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, a liderança nas negociações. Alckmin tem se reunido com empresários e representantes do setor produtivo para tratar do tema.
Lula tem afirmado também que, caso não seja possível evitar as tarifas de Trump na mesa de negociação, recorrerá à reciprocidade para responder à taxação norte-americana.