Internacional

Morgan Stanley: Para entender guerra comercial, veja o jogo, não os passos

27 maio 2019, 11:10 - atualizado em 27 maio 2019, 11:14
Banco compara situação atual entre duas maiores economias do mundo com dilema dos prisioneiros

Na teoria dos jogos, dentro da microeconomia, existe o dilema clássico dos prisioneiros, no qual avalia-se o dilema entre cooperar e trair. De forma sucinta, dois suspeitos são presos pela polícia, que não detém provas suficientes para os condenar. Desta forma, oferece-se dois acordos, no qual a traição prevalece como equilíbrio ineficiente.

Tomando como base o dilema clássico, o Morgan Stanley avalia as ações tomadas por EUA e China, bem como lista prognósticos para os próximos passos.

Para a instituição, as maiores questões levantadas pelos investidores são as seguintes: será que os EUA negociarão com a China no curtíssimo prazo? O que os negociadores realmente pensam? Durará três semanas ou três meses? Como ocorrerá o evento do G20?. “Nossa resposta: as perguntas podem ser as erradas”, avaliam os analistas.

O banco norte-americano acredita que, ao invés dos investidores focarem sua atenção nos próximos catalisadores de curto prazo, o mercado deve entender como funciona a dinâmica da teoria dos jogos: o dilema dos prisioneiros ser jogado, de forma repetitiva, por ambos os lados da disputa comercial.

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Payoffs e projeções

“Os conflitos atuais zeram os payoffs, indicando que a escalada é preferível atualmente do que um pais ir ao encontro da demanda do outro”, avalia o Morgan Stanley, ressaltando que o payoff para a cooperação reduziu drasticamente. Para a mudança do resultado esperado, a junção entre possível enfraquecimento do crescimento e da confiança dos investidores podem ajudar na resolução do acordo no comércio internacional.

A instituição acredita que a dinâmica atual deve pressionar ativos de risco e levará yields de Treasuries. “Se os mercados de risco não precificarem a cooperação em breve, a escalada provavelmente causará erosão econômica suficiente para movimentar os mercados em pouco tempo”, ponderam os analistas.

Neste sentido, o Morgan Stanley projeta que a extensão das tarifas atuais deverá minar o PIB da China em 20 pontos-base. Já o nível do produto nos EUA deverá recuar 0,3 ponto percentual.

Subestimação em foco

“Um período mais longo nas tensões comercias, incluindo novas tarifas de US$ 300 bilhões das exportações remanescentes da China para os EUA, coloca em risco 100 pontos-base no crescimento global e pressiona o Federal Reserve para realizar cortes repetidos no juro básico”, concluem os analistas.

Por fim, o banco destaca que essas possibilidades mais pessimistas não estão precificadas, com certa subestimação do impacto negativo destes cenários.

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Graduado em Ciências Econômicas pela USP, tendo cursado mestrado em Ciências Humanas e em Economia na UFABC, Valter Outeiro acumulou anos de vivência no mercado financeiro através de passagens nas áreas de estratégia de investimentos dentro de private banks, em multinacionais produtoras de índices de ações e em redações de jornalismo econômico.
valter.silveira@moneytimes.com.br
Graduado em Ciências Econômicas pela USP, tendo cursado mestrado em Ciências Humanas e em Economia na UFABC, Valter Outeiro acumulou anos de vivência no mercado financeiro através de passagens nas áreas de estratégia de investimentos dentro de private banks, em multinacionais produtoras de índices de ações e em redações de jornalismo econômico.