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Mosaic prevê que apetite por milho pode dar impulso adicional para vendas no Brasil

09 jul 2021, 14:47 - atualizado em 02 set 2021, 17:15
Fragmentos de rocha fosfática
Em 2020, a empresa investiu 145 milhões de dólares, com foco em tecnologias digitais para aumentar a produtividade das fábricas e reduzir os impactos ambientais (Imagem: REUTERS/Scott Audette)

A Mosaic Fertilizantes, gigante do setor com cerca de 25% do mercado brasileiro, considera que a demanda de agricultores no país seguirá em expansão em 2021, podendo aumentar entre 6% e 10%, mas avalia que um novo crescimento anual de dois dígitos do mercado dependerá do “apetite” do produtor de milho, em um ambiente desafiador de preços mais altos de adubos.

Em entrevista à Reuters, a presidente da Mosaic Fertilizantes, Corrine Ricard, lamentou as intempéries como seca e geadas que quebraram a safra nacional em 2021 e vão encolher os estoques de milho no país em 50%, segundo estimativas da estatal Conab.

Mas Ricard sinalizou que o mercado mais enxuto e sustentado pode ser fator de maior uso de fertilizantes no Brasil, uma vez que produtores buscarão na próxima safra maximizar as produtividades, até para aproveitar os preços.

“A segunda safra sofreu pela seca e agora pelas geadas, acho que isso pode levar os produtores a dobrar os esforços na próxima safra”, disse a executiva-chefe da unidade da multinacional Mosaic no Brasil.

O vice-presidente comercial da Mosaic Fertilizantes, Eduardo Monteiro, concorda que o “cenário é positivo” para a sua indústria, apesar de uma expansão menor que os 12% de 2020, quando o custo dos agricultores com adubo foi menor.

“Isso (a quebra de safra) coloca muita pressão nos preços (do milho) hoje. Mesmo que tenhamos volatilidades na bolsa de Chicago, no Brasil os preços continuam fortes. Acho que os produtores terão mais apetite para ampliar áreas na próxima safra”, comentou ele.

Enquanto na bolsa americana as cotações do milho caíram cerca de 10% no acumulado de julho, no mercado brasileiro subiram 7%.

Monteiro ressaltou que o mercado de fertilizantes aumentou 12% no Brasil no ano passado, para o patamar de 40 milhões de toneladas, mas que em 2021 as expectativas de crescimento das vendas do setor giram entre 6% e 10%, “dependendo do apetite dos produtores no Brasil e do preço do milho”.

“Se a segunda safra (de milho) for forte, vai ser plantada em janeiro e fevereiro… se for forte, provavelmente o número (de vendas de fertilizantes) estará no pico, é isso que estamos vendo hoje”, comentou ele, em referência ao cereal colhido no inverno, que responde pela maior parte da produção do grão do Brasil, plantado após a colheita da soja no verão.

Considerando os grãos e oleaginosas, o milho é a segunda maior cultura do Brasil em volume, atrás da soja, e os investimentos na fertilidade do solo beneficiam ambas lavouras.

A projeção, por ora, não é tão fácil porque o mercado atualmente está com menos “liquidez” para vendas futuras do que no ano passado, comentou o executivo.

Apesar de o milho ter dobrado de valor em 12 meses no país, os fertilizantes também tiveram movimento semelhante, após terem sido negociados em patamares historicamente baixos em 2020.

“Vemos agora forte aumento dos preços dos fertilizantes, impulsionados pela alta na demanda e também tem alguns gargalos na oferta…”, disse ele.

Ele não informou os percentuais de vendas antecipadas de adubos para a próxima safra, mas disse que está “substancialmente menor comparado com o mesmo período do ano passado”.

Crescimento Orgânico

A Mosaic Fertilizantes, que atua na mineração, produção, importação, comercialização e distribuição de produtos, tem espaço para crescer organicamente e capturar o desenvolvimento desse setor, disse a presidente da unidade brasileira.

Das entregas de 10 milhões de toneladas da companhia ao mercado brasileiro em 2020, uma parcela de 4,1 milhões de toneladas veio da produção local patamar importante em um país que importa grande parte das matérias-primas para fabricação de adubos.

Os números também indicam a relevância da operação brasileira da Mosaic, que entrega cerca de 27,2 milhões de toneladas de fertilizantes ao ano para 40 países, sendo uma das maiores produtoras globais de fosfatados e potássio combinados.

“Temos espaço para crescer, isso é muito importante, porque o mercado está crescendo rapidamente, e podemos continuar participando, isso é super”, disse Corrine, destacando que a companhia também foca em produtos de maior valor agregado, com tecnologias que oferecem maior eficiência aos agricultores.

Perto de completar dois anos no Brasil, a executiva disse ainda que continua trabalhando na “transformação” do negócio, “otimizando” a estrutura de custos e para entregar fertilizantes para o “tremendo crescimento que está acontecendo no mercado”.

Segundo a executiva, a Mosaic ainda tem espaço para aumentar a produção nas minas –segmento que ingressou no Brasil após a conclusão de aquisição de negócio da Vale (VALE3), em janeiro de 2018  e para ampliar o negócio de distribuição, que apresenta “boas oportunidades”.

Hoje, a companhia possui cinco minas de fosfato: em Cajati (SP), Tapira (MG), Patrocínio (MG), Araxá (MG), Catalão (GO) e uma mina de potássio em Rosário do Catete (SE).

As chamadas misturadoras de fertilizantes estão em Campo Grande (MS), Candeias (BA), Catalão (GO), Paranaguá (PR), Rio Verde (Goiás), Rondonópolis (MT), Sorriso (MT) e Uberaba (MG).

Em 2020, a empresa investiu 145 milhões de dólares, com foco em tecnologias digitais para aumentar a produtividade das fábricas e reduzir os impactos ambientais, sendo que cerca de 70% do investimentos foram destinados para manutenção das operações e 30% a projetos de melhoria da eficiência ou aumento de capacidade.

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