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Mosaic vê aumento de vendas de adubos no Brasil com agricultor ajudado por dólar

11 mar 2020, 19:00 - atualizado em 11 mar 2020, 19:00
A comercialização de fertilizantes tem crescido constantemente nos últimos anos (Imagem: Pixabay)

A Mosaic Fertilizantes, unidade da Mosaic no Brasil, prevê que a demanda por adubos cresça de 2% a 3% este ano no país, com o impulso do dólar forte frente ao real favorecendo o fechamento de negócios antecipados para a safra do ano que vem, apesar das incertezas geradas pelo coronavírus, disse um alto executivo da companhia, uma das líderes do setor.

A comercialização de fertilizantes tem crescido constantemente nos últimos anos, renovando recordes, à medida que o Brasil amplia sua agricultura, e a Mosaic tem como foco participar desse crescimento no país com maior potencial para expandir cultivos, disse à Reuters Floris Bielders, vice-presidente comercial da Mosaic Fertilizantes.

Respondendo por cerca de 25% do mercado de fertilizantes no Brasil, de cerca de 36 milhões de toneladas em 2019, a Mosaic avalia que o crescimento em 2020 não será muito diferente do verificado no ano passado, comentou o executivo, que está otimista apesar das preocupações com o coronavírus e o impacto da doença em diferentes mercados globais.

Mas, se os problemas do coronavírus –agora considerado pandemia global– têm larga escala, de outro lado colaboram para fortalecer a cotação do dólar frente ao real, o que ajuda os agricultores, os principais clientes da Mosaic.

Na avaliação de Bielders, o coronavírus não é uma ameaça iminente à agricultura brasileira, uma vez que os mercados de alimentos são menos suscetíveis a tais crises do que as ações, por exemplo.

“As pessoas precisam comer, isso não muda”, justificou ele. “E o real desvalorizado é uma boa notícia para agricultores.”

No contexto de dólar forte –que subiu cerca de 17% frente ao real em 2020, aumentando a competitividade das exportações de grãos do país–, os agricultores brasileiros já venderam cerca de 20% de sua safra de soja da próxima temporada, destacou Bielders.

Esse movimento acaba trazendo um benefício para fornecedores de insumos, como a Mosaic, que já está recebendo pedidos de entregas para o primeiro trimestre de 2021, revelou.

“Isso é muito raro…”, disse Bielders. “Os agricultores só farão isso se tiverem boas margens.”

Vista da barragem de rejeitos da mineradora brasileira Vale que entrou em colapso em Brumadinho
Produção de fertilizantes foi prejudicado pelo desastre de Brumadinho (Imagem: REUTERS/Washington Alves)

Mesmo considerando que os fertilizantes têm preços dolarizados, o que aumenta os custos dos agricultores, o efeito líquido de um dólar forte é positivo para os produtores, disse ele.

Mercado mais firme

No que diz respeito ao balanço de oferta e demanda, que afeta os preços de fertilizantes, o executivo confirma que o comportamento dos produtores de fosfato na China será fundamental em 2020, já que grande parte da produção na província de Hubei chegou a ser reduzida ou paralisada devido à epidemia de coronavírus.

Em potássio, os cortes de produção iniciados no segundo semestre de 2019 estão equilibrando o mercado em 2020.

O otimismo do vice-presidente comercial da Mosaic Fertilizantes com o mercado ocorre após um desafiador 2019, quando o clima úmido nos EUA afetou a demanda, levando a altos estoques e pressão de preços.

Além disso, no ano passado a unidade brasileira ainda sofreu com paralisações de suas minas de fosfato, após os novos regulamentos de barragem de rejeitos serem implementados na esteira do desastre da Vale (VALE3) em Brumadinho.

A mineradora brasileira, que vendeu o controle da Mosaic Fertilizantes em acordo concluído em 2018, ainda é acionista minoritária mas não participa das decisões.

Com impulso da retomada das minas no Brasil, a Mosaic planeja aumentar a produção local em 800 mil toneladas este ano, para 4,5 milhões de toneladas, sendo a maior parte de fosfatados.

Embora o Brasil seja um dos poucos países em que a área agrícola ainda pode crescer significativamente, os desafios de operar no país incluem um código tributário complexo (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

No Brasil, a empresa possui capacidade de produção de fertilizantes fosfatados de aproximadamente 5 milhões de toneladas por ano; em potássicos, a capacidade é de aproximadamente 500 mil toneladas.

Além de produzir localmente, a Mosaic –que tem um terminal com capacidade para 3 milhões de toneladas em Paranaguá (PR)– opera com importações, vendendo anualmente no Brasil 9,2 milhões de toneladas de fertilizantes em 2019, disse a empresa, o que faz dela uma líder no mercado, fortemente disputado com a norueguesa Yara, segundo o executivo.

Desafios

Embora o Brasil seja um dos poucos países em que a área agrícola ainda pode crescer significativamente, os desafios de operar no país incluem um código tributário complexo, o que traz desvantagens para a produção local de fertilizantes.

Segundo Bielders, outros desafios incluem as recentes decisões judiciais favoráveis à recuperação judicial de agricultores, algo que aumenta o risco de fornecedores de insumos –a Mosaic, por exemplo, realiza 45% de suas vendas para produtores rurais por meio de crédito.

Diante disso, a Mosaic se tornou mais “seletiva” para dar crédito, disse Bielders.    Contudo, a empresa vem observando oportunidades de expandir no Brasil, disse Bielders, embora não tenha foco em qualquer grande aquisição, após adquirir da mineradora brasileira Vale ativos por 2,5 bilhões de dólares.

Com a ajuda dos negócios comprados da Vale, a companhia mais do que triplicou suas vendas em cinco anos, disse Bielders.

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