Como a MRV (MRVE3) quer virar o jogo da ‘queimadora de caixa’ Resia

Mesmo com boa localização dos projetos e uma demanda forte por moradia nos Estados Unidos, a operação da Resia, subsidiária da MRV (MRVE3), tem pressionado os resultados da companhia.
No primeiro trimestre de 2025, a Resia consumiu US$ 59 milhões em caixa, sem nenhuma venda de ativo no período. No mesmo trimestre de 2024, a queima já havia sido alta, US$ 53,8 milhões.
Diante disso, a MRV está reestruturando completamente o modelo de atuação da empresa. A nova estratégia inclui vender US$ 800 milhões em ativos até o fim de 2026, sendo US$ 270 milhões já neste ano, com foco total em desalavancagem e geração de caixa.
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Segundo o CFO Ricardo Paixão, o objetivo é cortar pela metade a dívida líquida da operação nos EUA, saindo de US$ 639 milhões para US$ 369 milhões até dezembro.
“Vamos fazer a nova Resia com uma estrutura muito mais enxuta. Reduzimos o SG&A (custos com estrutura e vendas) de US$ 30 milhões para US$ 10 milhões por ano, limitamos a operação a dois projetos por ano e vamos vender mais da metade do landbank”, disse Paixão durante a sua participação no MRV Day, nesta terça-feira (16), em São Paulo.
A nova Resia também muda a forma como financia seus projetos. Antes, a MRV entrava com 30% do capital próprio em cada obra. Agora, esse aporte será reduzido para apenas 10%, o que diminui a exposição financeira da empresa. Isso deve aumentar a rentabilidade dos projetos, com a TIR subindo de 36% para 55%, segundo o executivo.
“Com esse novo modelo, a gente participa mais dos lucros e reduz o capital próprio investido. Nosso foco total agora é retorno e geração de caixa”, disse Paixão.
A empresa também espera acelerar as vendas de ativos. O empreendimento Dallas West, com 96% de ocupação, está em estágio avançado de negociação e deve ser vendido ainda no segundo trimestre.
Outros três ativos — Tributary (86% locado), Rayzor Ranch e Ten Oaks — também estão na fila de vendas para este ano. Além disso, a MRV planeja arrecadar US$ 78 milhões com a venda de terrenos.
“O mercado americano de multifamily segue muito profundo, mesmo nos piores anos como 2023 e 2024. O racional aluguel versus compra nunca foi tão favorável para locação, e isso beneficia nossos projetos”, afirmou o CFO.
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Apesar da reestruturação, o CEO da MRV, Rafael Menin, reforçou que a companhia continua acreditando no fundamento da Resia no longo prazo.
“O modelo Resia está testado. A gente acredita absurdamente na tese. É um mercado gigantesco, com capacidade de absorver uma companhia muito maior do que ela é hoje”, afirmou.
Segundo ele, o momento atual é um recuo estratégico, mas não uma desistência.
“A família controladora — eu e o Rubens — é muito comprada na tese Resia. Sabemos que, debaixo da MRV, ela traz alguns inconvenientes de curto prazo. Mas queremos que, no tempo certo, a Resia se torne uma empresa relevante”, avaliou.
Menin ainda não descarta um movimento societário no futuro, como foi feito com a LOG Commercial Properties (LOGG3) em 2018.
“Não sabemos quando nem como, mas pode ser que a gente faça algum movimento societário com a Resia. Isso está em aberto, mas certamente será endereçado no momento correto”, pontuou.