MRV (MRVE3): ‘Não tem cavalo de pau’; CFO prevê melhora nos resultados após impacto do cheque regional

Após divulgar sua prévia operacional com queda nos lançamentos e vendas no terceiro trimestre (3T25), a MRV&Co (MRVE3) busca mostrar que a recuperação segue em curso, destacou Ricardo Paixão, CFO da companhia, ao Money Times.
Segundo o executivo, os resultados foram impactados por fatores pontuais, especialmente pelo “cheque regional” do estado do Amazonas, que atrasou a liberação de subsídios habitacionais e travou mais de 1 mil contratos, equivalentes a R$ 93 milhões em geração de caixa.
De acordo com a prévia operacional divulgada nesta terça-feira (7), a incorporadora gerou R$ 30 milhões em caixa, que poderiam ter sido R$ 123 milhões não fosse esse problema.
“Foi um fator totalmente exógeno, que não tem relação com a nossa operação. Mas é algo temporário. O governo estadual do Amazonas se comprometeu a resolver o problema neste quarto trimestre. Isso deve impulsionar nossos resultados nos próximos meses”, disse Paixão.
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‘Descasamento’ com cheque regional
O CFO da MRV disse ver um descasamento entre produção e repasse observado no trimestre relacionado ao chamado cheque regional, subsídio habitacional criado por governos estaduais para complementar o benefício federal do Minha Casa, Minha Vida (MCMV).
O cheque regional funciona como um “reforço financeiro” que ajuda famílias de baixa e média renda a arcar com a entrada ou parte do financiamento do imóvel.
Segundo o executivo, a MRV só reconhece a venda após o repasse para o banco — ou seja, quando o cliente tem o crédito aprovado e o valor é liberado para a empresa – o que gerou um descasamento entre produção e recebimento.
“A gente teve um volume de unidades produzidas bem superior ao volume de unidades repassadas para o banco, que é quando eu recebo dinheiro. O que tivemos foi um descasamento entre unidades produzidas e repassadas, mas a tendência é de reversão no quarto trimestre”, afirmou.
Lançamentos em queda
O executivo também rebateu preocupações sobre a queda nos lançamentos, ressaltando que o trimestre foi considerado “forte e dentro do planejado”.
Segundo Paixão, a MRV já lançou R$ 8,8 bilhões até setembro e mantém a projeção de fechar 2025 na casa dos R$ 11 bilhões.
“Temos capacidade e estrutura para até superar esse número, dependendo das condições de mercado”, disse.
Operação nos EUA
Sobre a operação nos Estados Unidos (EUA), o CFO reiterou que a incorporadora segue confortável com o plano de desinvestimento da subsidiária Resia, que prevê a venda de US$ 800 milhões em ativos até 2026.
De acordo com ele, já foram vendidos, desse montante, cerca de US$ 150 milhões, e há expectativa de novas negociações nos próximos meses.
“Estamos totalmente confortáveis com o plano da Resia. Tudo está dentro do planejado.”
A prioridade da MRV
Questionado sobre o desconto das ações da MRV, que seguem negociadas abaixo do valor patrimonial (P/VP), Paixão afirmou que a confiança do mercado foi abalada nos últimos anos, após resultados abaixo das expectativas.
Para uma percepção positiva, o executivo destaca que a prioridade da companhia é executar o plano traçado, mantendo a estratégia atual rumo à recuperação.
“Agora é simplesmente executar o plano desenhado. Não tem mudança de estratégia nem cavalo de pau. Vendas estão subindo, produção está subindo. Todas as linhas de tendência da companhia estão em trajetória positiva”, disse.