Economia

Munição contra o Banco Central: Ministros de Lula aproveitam alta do PIB para pesar na Selic

01 jun 2023, 16:10 - atualizado em 02 jun 2023, 13:33
Lula, Campos Neto, Banco Central, Selic, PIB
PIB do primeiro trimestre superou as projeções do mercado que apontavam para uma alta de 1,2%. Nos três primeiros meses de 2023, economia crescer 1,9%. (Montagem: Money Times)

O Produto Interno Bruto (PIB), divulgado nesta quinta-feira (1), aponta que a economia brasileira cresceu 1,9% no primeiro trimestre de 2023. O resultado foi puxado pela alta de 21,6% no setor de Agropecuária, superando as projeções de alta de 1,2% no PIB.

Com isso, o governo ganhou mais um argumento para pressionar ainda mais o Banco Central na revisão da política monetária e redução da Selic, que está em 13,75% ao ano desde agosto do ano passado.

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A ministra do Planejamento, Simone Tebet, aponta que a atividade econômica cresceu sem impactar a inflação e que isso abre espaço para uma redução da taxa básica de juros.

“A inflação está caindo, então não temos um aquecimento da economia que esteja gerando aumento da inflação”, disse em conversa com jornalistas. “Mesmo com economia um pouco mais aquecida, não é isso que iria impactar a inflação. Consequentemente, não haveria razão para não começar, ainda que de modo muito gradual, a diminuir os juros no Brasil”, completou.

Já o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, disse que o resultado está em linha com as projeções da equipe econômica.

“Para manter a economia gerando emprego, precisa tomar cuidado com 2024, ter clareza de que temos uma oportunidade muito boa, porque a inflação está vindo controlada e juros futuros estão caindo bastante sensivelmente, o que abre uma janela de oportunidade importante para a política monetária”, afirmou.

Em seu Twitter, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou que os resultados que comprovam que nosso país já está melhorando, mas optou por não comentar sobre a Selic desta vez.

Com um olho no PIB e outro da Selic

Apesar da alta do PIB, João Piccioni, analista da Empiricus Research, destaca que a atividade econômica do primeiro trimestre traz uma armadilha.

“Foi um PIB muito forte puxado, na verdade, pelo agro e também é nítido que você tem uma balança comercial muito robusta. Mas quando você olha os demais vetores, o consumo das famílias, por exemplo, vem desacelerando. É bem nítido que o crescimento do consumo das famílias avançou só 0,2% e já é um crescimento menor do que a gente viu no quarto trimestre em relação ao terceiro trimestre de 2022”, disse, durante o Giro do Mercado.

Confira a live desta quinta-feira (1):

Para ele também aponta que os números mostram que o governo ainda não aumentou os seus gastos para fazer o PIB crescer e que deve ser vista uma desaceleração econômica ao longo do ano, dado que o preço das commodities lá fora começaram a vir bem para baixo.

“Por um lado temos os efeitos da Selic começando a afetar de verdade a economia, a prova disso é o consumo das famílias que não cresce”, afirma. “Com o cenário de desinflação, a dinâmica de taxa de juros deve se tornar mais favorável. Provavelmente, Roberto Campos Neto vai começar a conduzir uma política de afrouxamento monetário no segundo semestre”, completa.

*Com Reuters

Editora-chefe
Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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