Brasil

‘Não estamos em um ambiente pró-mercado, mas também em 15 anos o Brasil viveu uma série de cisnes negros’, diz Felipe Miranda, da Empiricus

29 nov 2024, 16:08 - atualizado em 29 nov 2024, 16:08
felipe miranda empiricus bolsa
(Imagem: Reprodução/YouTube)

A Empiricus Research celebrou seus 15 anos de história neste mês com um evento especial no auditório do BTG Pactual, em São Paulo. A ocasião reuniu 150 assinantes e palestrantes ilustres para debater economia comportamental, investimentos, Brasil e cenário internacional.

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Entre os destaques estavam Clóvis de Barros Filho (filósofo), Eduardo Gianetti (economista), Fernando Schüler (cientista político), Daniel Goldberg (CIO da Lumina Capital) e os fundadores da Empiricus, Felipe Miranda e Rodolfo Amstalden.

Empiricus nasceu para democratizar o acesso à informação

Durante um dos painéis do evento, Miranda, que também é estrategista-chefe da casa, destacou que a fundação da Empiricus teve como objetivo principal democratizar o acesso à informação para investidores pessoa física, incentivando-os a sair da poupança e acessar investimentos mais sofisticados.

Segundo ele, os analistas da Faria Lima e do Leblon sempre acreditaram que “está tudo bem” a pessoa física continuar jogando na “série B” dos investimentos.

“Eu sempre pensei o contrário: a pessoa física tem que jogar na ‘série A’. Inclusive ela pode ter acesso a investimentos não só equivalentes, mas por vezes até melhores do que os disponíveis para o investidor institucional. E não precisa depender só do gerente do banco para tomar as melhores decisões”, disse. “Nesse sentido, acho que temos feito um trabalho até acima do que nós mesmos esperávamos”.

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‘Brasil é mais cíclico do que ruim’

Miranda descreveu o Brasil como “mais cíclico do que ruim” para investimentos, ressaltando que o país enfrentou eventos de baixa probabilidade.

“O Brasil viveu uma série de cisnes negros, que são aqueles eventos de baixa probabilidade: pandemia, maior recessão da História em 2015. Vivemos um ciclo muito ruim desde a segunda metade de 2021″, disse. 

“Para o mercado de capitais não é o ambiente ideal, não é pró-mercado, não é pró-Lula. A gente pode até dourar a pílula de várias maneiras, mas esses eventos prejudicaram muito, de fato”.

Governo frustrou expectativas em 2024

Miranda reforçou que parte da queda da Bolsa e a alta do dólar neste ano estão relacionadas a uma reversão nas expectativas do mercado. “Começamos 2024 com o Ibovespa em 134 mil pontos e a expectativa de queda de juros, mas estamos vivendo outro cenário”, afirmou.

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André Esteves, sócio do BTG Pactual e também convidado do painel, complementou dizendo que o governo demora muito para tomar decisões e faz menos do que deveria, o que acaba deteriorando as expectativas. “Haddad acreditava que o equilíbrio fiscal levaria a taxas de juros mais baixas, mas há ingerências do governo, e o que é planejado na Fazenda não tem se concretizado”, afirmou.

Para ele, a principal causa da frustração do mercado está relacionada à credibilidade do governo. “A falta de responsabilidade fiscal – que o Lula também prometeu durante a campanha – está dragando a credibilidade do Haddad e do próprio Galípolo, que ainda nem é presidente do Banco Central”. 

Ainda assim, Esteves se diz otimista em relação ao Brasil. “Não vejo grandes complexidades no país: a dívida externa está equilibrada, temos uma grande diversidade nas exportações, somos fortes no agronegócio, no petróleo e no setor de mineração; as reservas cambiais são líquidas; temos um sistema financeiro sólido e o desemprego está baixíssimo. Ou seja, o Brasil está ‘fácil’, essa fotografia é fácil, só está faltando a direção certa”.

Rali à frente?

Mirada disse ver 2025 como um ano de transição, uma “ponte” para as eleições de 2026, que, disse, não deve definir grandes mudanças.

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O co-fundador da Empiricus acredita que, nas próximas eleições presidenciais, o Brasil pode seguir uma tendência de migração política para a direita.

“O Trump demonstra um certo zeitgeist contra o incumbente e mais à direita. Se você observar, tivemos Trump, Macri e Bolsonaro no poder, depois Biden, Fernández e Lula. E agora, temos Trump, Milei e… complete a frase [com o nome do próximo presidente do Brasil]”, disse.

Miranda sugere que, caso essa “marcha à direita” se concretize em 2026, o país terá um “rali eleitoral” 15 meses à frente.

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nicole.vasselai@empiricus.com.br