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Não vamos nunca atingir autossuficiência em fertilizantes, vê country manager da Mosaic; impostos são impasse para Plano Nacional

08 mar 2025, 9:32 - atualizado em 08 mar 2025, 8:14
Fertilizantes mosaic
(iStock.com/Liudmila Chernetska)

Para Eduardo Monteiro, country manager da Mosaic, não é possível o Brasil atingir a autossuficiência em fertilizantes.

“O que é possível é melhorarmos substancialmente quando olhamos para nitrogênio, fósforo e potássio. Se você tiver uma política focada para precificação do gás no país, você pode ter um polo petroquímico competitivo, que pode melhorar substancialmente o status do nitrogenados que produzimos 5% e importamos 95%”.

O diretor geral da Mosaic no Brasil defende que a Petrobras (PETR4) é um fator preponderante para esse avanço, a partir da fábrica de Três Lagoas prevista para ficar pronta em 2028.

“Mas não é o suficiente. Se tivéssemos uma política efetiva de preços de gás para ser competitivo com Estados Unidos ou Ásia, poderíamos melhorar, mas não seria suficiente. Fósforo e potássio é uma questão de mapeamento geológico. O Brasil é amplo, tem minério, mas as reservas aqui, do ponto de vista econômico, é difícil você bater competitividade de países do norte da África, onde você tem rocha sedimentar e não uma rocha ígnea. Aqui você precisa explodir a rocha, e lá eles pegam areia do deserto como fonte básica”, explica.

Apesar de ser um dos maiores produtores mundiais de grãos, o Brasil importa cerca de 85% dos insumos utilizados para produção agrícola.

O problema dos impostos para o Plano Nacional de Fertilizantes

Outra questão importante que pode impactar o Plano Nacional de Fertilizantes, lançado pelo Governo Federal para reduzir a dependência externa, fica por conta da questão tributária.

“O Brasil vinha corrigindo um defeito. Antigamente, por exemplo, nós importávamos do norte da África para o Mato Grosso, e não pagávamos ICMS. E você tinha um produto que saía de Minas Gerais para o Mato Grosso que pagava ICMS. Isso é uma desvantagem competitiva tremenda considerando que o custo de produzir no Brasil já é maior. Algo que estava mudando”.

Neste momento, há um debate para não alterar essa tributação internação. Com isso, a indústria de fertilizantes do Brasil, através das suas associações, passou a defender que não se cobre mais impostos para o importado e nem o nacional.

“Existe um indefinição muito grande sobre esse tema. Um debate que envolve os estados da federação no âmbito do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), e dependendo do que for decidido, isso pode gerar um impacto significativo para o produtor nacional. Tributar os produtos nacionais só nos afasta de reduzir a dependência. Mas autossuficiente, nunca seremos”, vê.

Monteiro reforça que os bioinsumos são uma vertente importante que pode gerar valor e otimizar o consumo de nutrientes.

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Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024, ficou entre os 80 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.
pasquale.salvo@moneytimes.com.br
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024, ficou entre os 80 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.