Natura (NATU3): ‘Ainda teremos dificuldades com a Avon ao longo deste ano’ diz CEO

A Natura (NATU3) sente o peso da Avon sobre o seu balanço, seja do lado da venda da Avon International, seja com a consolidação da marca aqui no Brasil. O CEO da companhia, João Paulo Ferreira, vê dificuldades do lado da marca ao longo de 2025, e no que diz respeito à venda de ativos, afirma que deve ocorrer dentro de 12 meses.
“A marca Avon está sendo reposicionada. Há um trabalho de reposicionamento associado a necessidade de repopular todo o funil de inovações dessa marca, cujos resultados são esperados só em 2026. Então, nós ainda teremos dificuldades com a marca Avon ao longo desse ano e a marca Natura compensa essas dificuldades”, disse o executivo em coletiva com jornalistas nesta terça (12).
Do lado da operação fora da América Latina, o CEO aponta que os esforços para separação ou venda da Avon International e da Avon América Central e República Dominicana (CARD) avançaram de forma significativa nos últimos meses.
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“Há um time dedicado aqui da empresa buscando alternativas estratégicas, super assessorado por especialistas financeiros e legais. Agora, a auditoria ratificou a reclassificação desses ativos como disponível para venda, o que significa que, na prática, existe uma alta probabilidade deles serem vendidos em até 12 meses”, disse na coletiva.
As ações da companhia são o destaque negativo do Ibovespa (IBOV), com o mercado digerindo uma melhora expressiva na linha do lucro líquido, mas ainda vendo impactos da pendência da Avon International. Às 13h30, NATU3 caía mais de 5%.
No trimestre, a alavancagem da companhia chamou a atenção de analistas. A companhia reportou 2,2 vezes a relação dívida líquida/Ebitda, dado o contínuo consumo de caixa da Avon Internacional. Quanto maior é o indicador, mais elevado o risco financeiro.
Segundo a diretora financeira (CFO) da Natura, Silvia Vilas Boas, o movimento ocorreu devido à desconsolidação das posições e da queima de caixa da Avon International. Olhando para o ano cheio e desconsiderando esses efeitos, a expectativa é de que a alavancagem feche entre 1x e 1,5x, dentro do que prometido para sua estrutura de capital.
“Quando a gente fala de endividamento, é importante olhar sempre o ano completo. Isso porque existe variação de geração e consumo de caixa entre os trimestres, principalmente em atividades como com dependência de consumo, que tem bastante geração de caixa no último trimestre do ano”, disse na coletiva.
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2T25 da Natura
A Natura reportou um lucro líquido de R$ 195 milhões no segundo trimestre de 2025, revertendo o prejuízo de R$ 859 milhões registrado no mesmo período do ano anterior. Embora a linha tenha sido positiva, analistas, em geral, avaliaram o balanço como misto.
Agora, as operações da Avon fora da América Latina são classificadas no balanço como “mantidas para venda”. Excluindo efeitos não operacionais, o lucro líquido ajustado foi de R$ 598 milhões.
O relatório de resultados divulgado na segunda-feira (11) mostra Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorrente alcançou R$ 796 milhões, com margem de 14%, avanço de 0,8 ponto percentual em base anual.
A receita líquida consolidada somou R$ 5,7 bilhões, queda de 1,7% em reais na comparação anual, mas com crescimento de 5,5% em moeda constante — resultado puxado pelo desempenho forte da Natura Brasil (+10,3%) e da marca Natura nos países da América Latina de língua espanhola (+17,8%). O desempenho foi compensado negativamente pela queda de 12,9% da Avon no Brasil e pela volatilidade nos outros mercados do continente, como a causada pela integração da Onda 2 no México e pela volatilidade na Argentina.