Não só dividendos: Itaú (ITUB4) enfileira 3º aquisição em dezembro (e o mês nem acabou)
O Itaú (ITUB4) enfileirou sua terceira aquisição em dezembro. Desta vez, por meio do Itaú Chile, com a compra da Klap, empresa adquirente de pagamentos que detém cerca de 8,4% de participação de mercado no país.
Ao todo, o banco desembolsou 40 bilhões de pesos chilenos, o equivalente a aproximadamente R$ 240 milhões. Segundo cálculos do JPMorgan, a transação avalia a companhia chilena em 5,9 vezes o valor patrimonial (P/BV) e cerca de 69 vezes o lucro passado.
De acordo com os analistas, embora os múltiplos possam parecer elevados — para efeito de comparação, adquirentes globais nos Estados Unidos negociam a cerca de 21–22 vezes lucro, enquanto no Brasil os múltiplos giram em torno de 6–7 vezes — os resultados da Iswitch (usada como proxy para a Klap) têm sido bastante voláteis.
Em 2024, por exemplo, a empresa saiu de um prejuízo líquido de 203 milhões de pesos chilenos em 2024 para um lucro líquido de 433 milhões nos nove primeiros meses de 2025, “o que torna o lucro atual uma métrica pouco confiável neste estágio”.
“A despeito dos múltiplos aparentemente elevados, avaliamos de forma positiva a entrada do banco no segmento de pequenas e médias empresas (PMEs)”, afirmam os analistas.
Fundada em 2007 como Multicaja, a empresa iniciou suas atividades focada em recargas telefônicas, correspondência bancária, vale-refeição (com parcerias como Pluxee, ex-Sodexo) e processamento de cartões de circuito fechado.
Em 2021, foi rebatizada como Klap, intensificou os investimentos em marketing e firmou alianças estratégicas com RedComercio, R2 e FUDO, passando a oferecer soluções para estacionamentos, vending machines, alimentação, e-commerce e financiamento para pequenas e médias empresas.
Segundo informações divulgadas em seu site, o volume total de pagamentos (TPV) da Klap alcançou 8,3 trilhões de pesos em 2023, praticamente o dobro dos 4 trilhões registrados em 2022.
Débito ou crédito?
Adquirência é um terreno conhecido para o Itaú. No Brasil, o banco controla a Rede, líder no setor de pagamentos, com cerca de 23% de participação no volume total de pagamentos.
A expectativa é replicar esse avanço no Chile, um dos países com maior nível de desenvolvimento e crescimento econômico da região.
“O Itaú tem sido bastante vocal sobre sua estratégia voltada às PMEs, e acreditamos que a Klap representa um passo importante nessa direção no Chile — ainda não está claro se a marca será rebatizada como Rede, como ocorre no Brasil”, avalia o JPMorgan.
O Itaú Chile é o único banco com recomendação overweight (equivalente à compra) no país pelo JPMorgan. A instituição negocia a cerca de 9 vezes o lucro estimado para 2026 e 1,0 vez o valor patrimonial projetado para 2025.
Outras compras do Itaú
Com caixa robusto e embalado por resultados estelares, o Itaú realizou outras duas aquisições recentemente.
A mais recente foi a compra das participações de Grupo Pão de Açúcar (GPA) (PCAR3),Casas Bahia (BHIA3) e Assaí (ASAI3) na Financeira Itaú CBD S.A. – Crédito, Financiamento e Investimento (FIC).
Em comunicados separados, o GPA informou que o preço pela venda de sua participação indireta na FIC foi de R$ 260,1 milhões, enquanto o Assaí diz que receberá aproximadamente R$ 260 milhões pela sua fatia na financeira.
Em fato relevante distinto, a Casas Bahia informou que o valor pago pela aquisição da totalidade das participações diretas e indiretas detidas pela companhia na FIC e no Investcred foi de cerca de R$ 266,1 milhões.
Além disso, o bancão ampliou sua participação na Avenue ao adquirir cerca de 17% da corretora, elevando sua fatia de 35% para 50,1% e, assim, assumindo o controle da empresa.
O Itaú não divulgou o valor desembolsado nessa operação.