Nestlé anuncia demissão de 16 mil pessoas enquanto novo CEO acende “fogo da reestruturação”

Novo CEO da Nestlé assumiu após demissão de antigo por caso com subordinada (Reuters/Denis Balibouse)

Siga o MT no Youtube

O novo CEO da Nestlé, Philipp Navratil, anunciou nesta quinta-feira (16) o corte de 16 mil empregos, enquanto a maior empresa de alimentos embalados do mundo busca reduzir custos e reconquistar a confiança dos investidores.

Os cortes representam 5,8% dos cerca de 277 mil funcionários da Nestlé no mundo. Navratil afirmou que a empresa elevou sua meta de economia de custos para 3 bilhões de francos suíços (US$ 3,77 bilhões), ante os 2,5 bilhões anteriores, até o final de 2027.

“O mundo está mudando, e a Nestlé precisa mudar mais rápido”, disse Navratil.

CEO demitido por caso

As ações da Nestlé subiam 7,5% às 08h15 GMT, após um período de turbulência sem precedentes na gestão da empresa. Navratil substituiu Laurent Freixe, demitido em setembro do cargo de CEO por conta de um relacionamento não revelado com uma subordinada direta.

Duas semanas depois, o presidente Paul Bulcke também deixou o cargo antes do previsto, dando lugar ao ex-chefe da Inditex, Pablo Isla.

Navratil disse que os cortes de 12 mil empregos administrativos nos próximos dois anos, somados à redução adicional de 4 mil postos já prevista como parte de iniciativas em manufatura e cadeia de suprimentos, fazem parte de um esforço por maior eficiência.

“Combustível para o fogo da reestruturação”

A fabricante suíça das barras de chocolate KitKat, do café Nespresso e dos temperos Maggi tem lutado para reverter o crescimento estagnado das vendas e a queda de suas ações, em meio ao aumento de custos e níveis crescentes de endividamento, o que elevou a pressão dos investidores.

Leia também

Morning Times

Guerra comercial dos EUA mexe com os mercados; o que esperar do Ibovespa nesta quinta (16)

Empresas

TIM (TIMS3) antecipa pagamento da terceira parcela de dividendos; veja detalhes

Bancos

Banco do Brasil (BBAS3): diretor fala em ano de ajuste para o agronegócio, celebra MP da ‘salvação da lavoura’ e critica excesso de RJ no setor

Os resultados trimestrais da Nestlé “alimentam o fogo da reestruturação”, escreveram analistas da Bernstein em nota, destacando a redução de pessoal como uma “surpresa significativa”.

Um aumento de 1,5% no crescimento interno real (uma medida do volume de vendas) no terceiro trimestre, bem acima da expectativa dos analistas de 0,3%, pode dar a Navratil algum fôlego enquanto tenta deixar sua marca após uma promoção repentina.

Navratil afirmou que impulsionar o crescimento liderado pelo RIG (Real Internal Growth) é a maior prioridade da Nestlé.

“Estamos promovendo uma cultura que adota uma mentalidade de performance, que não aceita perder participação de mercado e onde vencer é recompensado”, disse Navratil.

Revisões estratégicas das divisões de águas e bebidas premium da Nestlé, bem como de suas marcas de vitaminas e suplementos de baixo crescimento e baixa margem, estão em andamento, segundo a empresa.

A Nestlé manteve sua previsão para 2025, dizendo que o crescimento orgânico das vendas deve melhorar em relação a 2024 e que espera uma margem de lucro operacional subjacente igual ou superior a 16%.

As vendas orgânicas — que excluem os efeitos de câmbio e aquisições — cresceram 4,3% no trimestre, acima da estimativa dos analistas de 3,7%.

O crescimento trimestral das vendas foi impulsionado por aumentos de preços nos segmentos de café e confeitaria, mas a região da Grande China foi um fator negativo.

A CFO Anna Manz disse que a Nestlé estava focada demais em ampliar a distribuição na China, em vez de construir demanda entre os consumidores.

“O que vocês estão vendo na China é a nossa correção de rota: consolidar nossa distribuição e torná-la mais eficiente, ao mesmo tempo em que construímos essa demanda do consumidor”.