Nestlé nomeia Pablo Isla, ex-Zara, para substituir Paul Bulcke na presidência do conselho

A Nestlé informou nesta quarta-feira (18) que irá nomear o seu vice-presidente do conselho, Pablo Isla, como seu próximo presidente do conselho, em meio ao anúncio pela gigante de alimentos suíça da saída do atual chairman e veterano da empresa, Paul Bulcke, em abril de 2026.
Isla, espanhol que foi presidente-executivo da Inditex, controladora da Zara, de 2005 a 2011, e que também acumulou a função de presidente do conselho na empresa de 2011 a 2022, integra o conselho de administração da Nestlé desde 2018.
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Bulcke, cidadão belga e suíço de 70 anos, ocupa a presidência do conselho desde abril de 2017. Ele ingressou na Nestlé em 1979 e foi presidente-executivo da companhia entre 2008 e 2016.
A nomeação de Isla rompe com a tradição recente da Nestlé de indicar ex-CEOs para a presidência do conselho. O antecessor de Bulcke, Peter Brabeck, também foi CEO da empresa — assim como outro ex-chairman notável, Helmut Maucher.
A saída de Bulcke completará uma reestruturação nos cargos de liderança da Nestlé, após a substituição de Mark Schneider no comando executivo no ano passado, após um período de desempenho fraco por parte da companhia.
Nestlé eleva investimento no Brasil para R$7 bi até 2028
A Nestlé também anunciou hoje (18) que vai investir R$7 bilhões no Brasil entre 2025 e 2028, elevando o volume de desembolsos no país ante o ciclo anterior, que somou R$6,3 bilhões, em um momento em que se expande em categorias de suas três principais commodities e segue apostando no potencial de franquias como linha de negócio.
“Praticamente todos os negócios tiveram um retorno dos investimentos de acordo com o plano inicial”, disse o presidente-executivo da companhia no país, Marcelo Melchior, em entrevista à Reuters, se referindo ao ciclo anterior de investimentos encerrado no ano passado.
“Agora é uma nova etapa…será muito mais dispersa (a aplicação dos recursos)”, acrescentou, citando como exemplos desembolsos em tecnologia da informação, produtos e novas linhas de produção.
O Brasil é o terceiro maior mercado da Nestlé no mundo, faturando no ano passado cerca de 4 bilhões de francos suíços, cerca de US$5 bilhões, perdendo apenas para Estados Unidos e China, segundo dados da companhia.
No plano anterior, um dos principais destaques foi a segunda fábrica de ração para animais de estimação do grupo no país, instalada em Vargeão (SC). A fábrica consumiu investimento de R$2,5 bilhões e deverá ser inaugurada em agosto, disse Melchior. Entre as vantagens da instalação, que será uma plataforma de exportação para América Latina, Estados Unidos e Europa, está a localização próxima dos produtores avícolas e suínos de Santa Catarina, o que permite que a matéria-prima, vísceras, não precise ser congelada no transporte até ela e descongelada na linha de produção, economizando custos logísticos.
Agora, além da Nestlé manter o foco na melhoria da produtividade de longo prazo dos fornecedores no Brasil de suas três principais commodities – café, cacau e leite – a empresa dá seus primeiros passos no mercado de franquias, algo inédito ao grupo suíço até a bilionária compra da controladora das chocolaterias Kopenhagen, CRM, em setembro de 2023, aprovada no ano passado pelo Cade.
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“Por enquanto estamos mantendo (a operação) ‘stand alone’. Estamos observando e aprendendo. É um ‘know how’ bem diferente do nosso”, disse Melchior, citando a rede de 520 franqueados da CRM.
“Nem nós sabemos o potencial (do modelo de franquia)…É uma avenida nova de crescimento e estamos vendo onde podemos implementar…O céu é o limite…Poderíamos implementar em Nespresso”, disse o executivo, sem dar detalhes e se referindo à rede própria da marca de café do grupo suíço. Melchior citou ainda que, eventualmente, o modelo de franquias poderá ser expandido até internacionalmente pela Nestlé. “É um sistema muito consolidado no Brasil e muito maduro.”
O anúncio do novo ciclo de investimento ocorre depois que a empresa informou no final de maio que vai desembolsar mais de R$500 milhões em negócios de café no Brasil até 2028, montante que está incluído na cifra de R$7 bilhões.
Além de expandir a fábrica de cápsulas de café Dolce Gusto em Montes Claros (MG), a empresa está instalando nova linha de extração de café solúvel em Araras (SP) e vai ampliar o parque de máquinas de bebidas da Nestlé Professional, que é a maior do grupo no segmento no mundo, prevendo alcançar 30 mil máquinas até o final de 2025.
A Nestlé ainda está ampliando fábrica de Vila Velha (ES), com novas linhas de chocolates, bombons e “chocobiscuits” e em Ituiutaba (MG) “vai fazer novos aportes” em fábrica de fórmulas infantis, afirmou a companhia, sem detalhar o montante de recursos do plano para as diferentes linhas de negócios.
“Nosso foco está no fortalecimento do ‘core’, na ‘premiunização’ de categorias e na aceleração de marcas com alto potencial”, disse Melchior sobre os planos para este ano.