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Nota de crédito de empresas da América Latina em risco por vírus, diz Fitch

11 mar 2020, 16:39 - atualizado em 11 mar 2020, 16:39
O medo do impacto do vírus e o colapso dos preços do petróleo assustaram investidores de crédito, que fugiram dos títulos de dívida da América Latina (Imagem: Pixabay)

Produtores de energia, mineradoras, companhias aéreas e empresas de consumo compõem o grupo de dívida corporativa de maior risco na América Latina, devido à crescente ameaça do coronavírus e à guerra de preços do petróleo, segundo a Fitch Ratings.

A rápida propagação da coronavírus, que já infectou mais de 115 mil pessoas em todo o mundo, mudou a perspectiva para emissores de dívida corporativa na América Latina, disse Jay Djemal, chefe de pesquisa de crédito para a América Latina da Fitch.

“Toda atenção este ano estava nas eleições nos EUA”, disse Djemal em entrevista por telefone. “O coronavírus nem estava no radar.”

O medo do impacto do vírus e o colapso dos preços do petróleo assustaram investidores de crédito, que fugiram dos títulos de dívida da América Latina.

Os preços de títulos de empresas como a estatal Petróleos Mexicanos e a companhia aérea chilena Latam Airlines caíram para mínimas históricas.

Títulos emitidos pela companhia aérea colombiana Avianca, pela petroleira argentina YPF e pela produtora de energia Peru LNG são negociados em níveis distressed ou perto disso, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Os baixos preços globais do petróleo devem reduzir os lucros de empresas de energia.

Suzano
Suzano é uma das empresas que correm o risco de ter a nota de crédito abaixada (Imagem: Facebook)

Enquanto isso, companhias aéreas enfrentam o desafio de encontrar passageiros em meio à menor demanda por viagens por causa do vírus.

Ao mesmo tempo, a desaceleração econômica global apresenta desafios para empresas que dependem de gastos de consumo e para produtoras de commodities, muitas das quais enviam seus produtos para a China, onde o surto começou. Brasil, Chile e Peru são os que mais dependem da China como mercado de exportação, de acordo com a Fitch.

Segundo a Fitch, nove empresas da região correm risco de ter a nota de crédito cortada para junk, ou alto risco, como a varejista chilena Cencosud, a fabricante de papel e celulose Suzano (SUZB3) e a Empresa Nacional de Telecomunicaciones, com sede em Santiago.

Todas têm grau de investimento no nível mais baixo, com observação negativa ou perspectiva negativa, de acordo com a Fitch.

Empresas com notas de crédito especulativas são as mais expostas à piora da perspectiva econômica, disse Djemal. Emissores de títulos de alto rendimento da região têm quase US$ 5 bilhões em dívidas globais com vencimento este ano, segundo a agência.

Djemal avalia que emissores com grau de investimento têm mais margem para lidar com a crise. “Emissores de alto rendimento na região estão mais expostos a um rebaixamento.”

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