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Nova Bolsa? Esqueça isso; queda das ações da B3 foi exagerada, dizem analistas

09 jun 2021, 21:40 - atualizado em 09 jun 2021, 22:20
B3SA3 - Bolsa de Valores
Segundo a Ágora, essa tal “nova Bolsa” mesmo que viesse a ocorrer com a B3, teria um impacto nas receitas não muito próximo ao que já está precificando (Imagem: Divulgação)

O recente burburinho de uma possível concorrente da Bolsa brasileira, a B3 (B3SA3), foi suficiente para derrubar as ações da empresa em 9% no mês. O estopim ocorreu após a saída de José Berenguer, do Banco XP, do conselho de administração da companhia.

Após o fato, o JPMorgan publicou relatório aventando a possibilidade da XP criar sua própria Bolsa. O banco rebaixou a recomendação da B3 de compra para neutra diante da possibilidade.

Porém, segundo a Ágora Investimentos, em relatório enviado a clientes, essa tal “nova Bolsa”, mesmo que viesse a ocorrer, teria um impacto nas receitas muito próximo ao que já está precificado atualmente.

De acordo com cálculos da corretora, o mercado está precificando os múltiplos para B3 com os mesmos números de 2019, quando os volumes médios diários negociados (ADTV) no mercado de ações em caixa estavam em torno de R$ 15 e 16 bilhões, em comparação com os atuais R$ 30 e 35 bilhões, implicando em perdas de market share (participação de mercado) de mais de 40% no segmento.

“Não acreditamos que a recente realização das ações seja justificada, especialmente porque a dinâmica dos volumes continua muito forte ao longo do segundo trimestre. No final das contas, reiteramos nosso ponto de vista construtivo para B3”, apontam os analistas Otavio Tanganelli e Luiza Mussi, que assinam o relatório.

Eles destacam ainda o preço sobre o lucro (P/L) de 17 vezes da companhia para 2022, o que implica mais de 30% de desconto para outras Bolsas mundo afora.

E a competição?

Na visão dos analistas, em um cenário de uma possível concorrente o maior risco ficaria para a negociação em si, que compreende cerca de 15% do total de tarifas de negociação.

Pelos cálculos, as receitas de negociação giram em torno de R$ 400 milhões por ano, em comparação com a receita de pós-negociação de R$ 3 a R$ 3,5 bilhões.

“Uma vez que acreditamos que a concorrência deve ser restrita apenas às receitas de negociação, se um ou mais novo entrantes participarem com 20% do mercado (que assumimos ser muito agressiva), o impacto nas receitas e o lucro líquido da B3 seriam de, aproximadamente, 0,7% e 1% do lucro líquido”, calculam.

Além disso, mesmo que a competição aconteça no pós-negociação também, as receitas e o lucro líquido em risco seriam equivalentes a 6% e 9% das expectativas para 2022, o que significa que o mercado já precificou, em grande medida, o pior cenário possível.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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