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Nova doença do cacau leva ao debate de um novo ciclo produtivo; prêmio ao produtor cai a US$ 100

09 ago 2021, 16:10 - atualizado em 09 ago 2021, 16:18
Cacau ainda não recupera produção que elimine importações e a pandemia ainda traz reflexos aos preços (Pixabay)

A descoberta de focos de nova doença do cacau e que fez o governo decretar estado de emergência sanitária no Amazonas, Acre e Rondônia não é algo que causa pânico, mas embute outras discussões importantes para o setor em torno de um novo ciclo cacaueiro.

Além dos controles sanitários a cargo da Secretaria de Defesa Sanitária (SDE), considerados pouco complexos, a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) acredita que uma das formas de mitigar a expansão da doença Monilísase para a Bahia é levar o maior nível de industrialização para o Pará, estado que divide na liderança em cultivo, segundo o IBGE.

Enquanto se evita que ocorrências como essas, em áreas de fronteiras, tenham que circular pelo País para que a amêndoa seja processada na Bahia – e não espalhar o problema -, o diretor da Ceplac, Waldeck Araújo enxerga um novo processo de ganho de produção.

Às três grandes multinacionais que processam o cacau em grande predominância, a Cargill, Olam e Barry Callebaut, mais recentemente se juntou uma processadora no Pará, a Gencau, mas com capacidade ainda limitada em 18 mil toneladas ano. Quanto mais compradores, maior incentivo aos produtores.

Outro ponto que deve ser atacado é a questão das “roças” abandonadas, ou com poucos cuidados, que ainda se encontram na Bahia. E aqui não interessa só à doença detectada no Norte, mas à temida vassoura de bruxa, ainda não controlada e responsável pela debacle da cultura no Brasil.

Para Araújo, evitando-se esses possíveis focos de disseminação de pragas, com a retomada de manejo adequado, a produção também volta a crescer e o Brasil possa alcançar mais 60 a 70 mil toneladas de produção anual, até 2025, como está na meta do órgão do Mapa. Além de cultivares mais resistentes que a Ceplac e parceiros desenvolvem.

Na Bahia, chove demais, daí que qualquer doença lá é de combate mais difícil.

Em 2021, deve-se produzir entre 200 e 210 mil toneladas, números passíveis de debate porque há discrepância entre os dados do IBGE e do próprio setor. De primeiro produtor mundial, os produtores brasileiros hoje estão em sétimo lugar.

Outro reflexo no mercado, se consolidando novos impulsos de produção, é a menor dependência das importações. Em termos médios, aquelas três companhias importam cerca de 60 mil/t ano em regime de drawback, quando há isenção de imposto da matéria-prima para a fabricação de bens exportados.

A pandemia decretou o prejuízo das exportações em 2020, contra as 50,7 mil toneladas processadas (cacau em pó, manteiga ou pasta) de 2019. O cacau bruto ou torrado tem participação marginal.

Cotações

A queda do consumo decretado em 2020 vem de recuperação, mas não imprime a força necessária, o que o analista Adilson Reis, da Mercado do Cacau, acredita que deva acontecer ao final do ano na Europa e Estados Unidos.

Desse modo, não somente as cotações internacionais estão deprimidas – em torno dos US$ 2,410 mil/t, para setembro, e US$ 2,480 mil/t para dezembro, em estabilidade nesta segunda (9) -, como os prêmios também. Reis vê bônus sobre Nova York em US$ 100, quando até abril era de US$ 800.

O excesso de oferta frente ao consumo baixo é a causa.

Em termos nominais no mercado interno, isso representou US$ 270 reais entre abril e maio e caiu agora para R$ 195, explica Adilson Reis, que também é operador do mercado.

A produção deve ser maior este ano, contando a safra temporã baiana, recém-concluída, em 75 mil/t, mas os custos de produção se elevaram, acrescenta.

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Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
giovanni.lorenzon@moneytimes.com.br
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