Novas tecnologias transformam o agronegócio e aumentam produtividade

Nesta década, novas tecnologias digitais têm se incorporado de forma mais relevante à realidade do agronegócio, demonstrando o potencial transformador que se comentava há anos. A captura de dados no campo, por meio de sensores ópticos e eletroquímicos no solo, mapeamento 3D com laser e radiômetros, drones inteligentes e satélites multifuncionais, tem viabilizado aplicações avançadas, permitindo maior eficiência no uso de insumos e maior precisão no manejo da produção.
Um dos avanços mais notáveis é o uso de drones, que impulsiona soluções de agricultura de precisão, permitindo tratar cada talhão de forma individualizada, em vez de aplicar um manejo uniforme em toda a lavoura. Com isso, é possível mapear o solo detalhadamente, analisar a saúde das plantas por meio de sensores multiespectrais, identificar e tratar pragas, doenças e estresse hídrico, pulverizar lavouras, monitorar irrigação e aplicar insumos de forma localizada, otimizando tanto o uso quanto a cobertura.
Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), o Brasil conta atualmente com mais de 35 mil drones agrícolas em operação, número que deve saltar para mais de 90 mil em 2026. A adoção acelerou a partir de 2021, quando o MAPA publicou a Portaria 298, regulamentando o uso de aeronaves remotamente pilotadas para pulverização de defensivos agrícolas e aplicação de insumos. Desde então, o número de drones multiplicou-se 11 vezes.
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Os satélites complementam o sensoriamento remoto, oferecendo informações para acompanhar condições meteorológicas e monitorar a evolução das culturas, com ampla cobertura e rapidez de resposta. A partir das imagens, calculam-se índices como NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada) e EVI (Índice de Vegetação Melhorado), que indicam a vitalidade das plantas e a necessidade de nutrientes ou água.
Na gestão remota e digital do agronegócio, as aplicações vêm evoluindo de um espectro predominantemente observacional para um manejo mais ativo. Isso inclui a aplicação granular de insumos via drones e até a emissão de sinais de baixa frequência por satélites para influenciar a biodisponibilização de nutrientes, otimizar a absorção pelas raízes e favorecer o metabolismo vegetal.
Como referência do potencial de geração de valor, projeções da FAO (Food and Agriculture Organization) indicam que soluções digitais podem aumentar em até 20% a produtividade no agronegócio e reduzir em até 30% os custos com insumos.
O caminho para a adoção dessas tecnologias ainda apresenta desafios, mas a digitalização do campo vem sendo gradativamente superada. Um estudo recente da EMBRAPA indica que 84% dos produtores já utilizam pelo menos uma tecnologia digital em suas atividades.
O Governo Federal também tem fomentado esse processo, e no início deste ano firmou um acordo de cooperação técnica para expandir a telefonia móvel 4G e a internet de alta velocidade, financiado pelo Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (FUST). O tratado foi celebrado entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), o Ministério das Comunicações (MCom), a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Por fim, a inteligência artificial surge como uma das inovações mais promissoras na gestão do agronegócio. Com dados enriquecidos pelas tecnologias de mapeamento e sensoriamento, sistemas inteligentes já podem prever resultados de colheitas com seis a oito semanas de antecedência, possibilitando um modelo mais adaptativo às condições meteorológicas, do solo e da evolução biológica, além de decisões comerciais mais eficientes na compra de insumos e venda de produtos, aumentando a rentabilidade para os produtores.