Mercados

Novos estímulos na China e aprovação do crédito suplementar na CMO empurram alta do Ibovespa

11 jun 2019, 18:39 - atualizado em 11 jun 2019, 18:39
O Ibovespa subiu 1,53% a 98.960,00 pontos, encerrando pela primeira vez acima dos 98 mil pontos desde 20 de março

Por Investing.com

Os novos estímulos do governo chinês para injetar ânimo à economia do país diante da disputa comercial com os EUA impactaram positivamente os mercados emergentes, entre os quais Ibovespa. O índice brasileiro também se beneficiou de avanços de pautas econômicas no Congresso, apesar de cautela em relação às mensagens vazadas atribuídas ao ministro da Justiça Sergio Moro.

O Ibovespa subiu 1,53% a 98.960,00 pontos, encerrando pela primeira vez acima dos 98 mil pontos desde 20 de março. O volume financeiro negociado foi de R$ 16,9 bilhões, com 63,64% dos papéis fechando no azul. A maior alta foi de Vale, subindo 6,41% a R$ 51,44 influenciada pela alta do minério de ferro. Já IRB Brasil liderou as perdas com queda de 1,51% a R$ 97,08.

O índice brasileiro seguiu o bom humor externo, especialmente os países emergentes. O índice iShares MSCI dos Mercados Emergentes, negociado em Nova York, teve alta 1,11%. Isso influenciou a forte queda do dólar no país, favorecida pelo tweet do presidente dos EUA Donald Trump, ao flertar com uma guerra cambial ao criticar o valor do dólar em relação ao euro. A moeda americana atingiu a mínima de 2 meses ao fechar em baixa de 0,88% a R$ 3,8504.

Brasília avança pauta econômica

A Comissão Mista do Orçamento (CMO) no Congresso autorizou o crédito suplementar de R$ 248 bilhões ao governo federal financiar seus gastos correntes. A medida permite que o governo pegue empréstimo no mercado para honrar de pagamentos previdenciários e do Bolsa Família.

O governo aceitou exigências da oposição para a aprovação do texto. Entre as reivindicações estavam descontingenciamento de recursos para o Ministério da Educação e novos recursos para o programa Farmácia Popular.

A matéria agora vai ao plenário do Congresso, com grande chance de ser aprovada. Desta forma, o governo não corre risco de viver um dilema: de honrar os pagamentos com emissão de dívida mesmo violando a regra de ouro – sob o risco de sofrer uma abertura de um processo de impeachment – ou descumprir os pagamentos e paralisar parcialmente a máquina pública.

O avanço da autorização do crédito suplementar injetou ânimo aos investidores, ampliando os ganhos do Ibovespa. Assim como a blindagem do Congresso à reforma Previdência e outras pautas econômicas as denúncias contra o ministro da Justiça Sergio Moro, anunciada pelo presidente da Câmara Rodrigo Maia.

A grande questão da reforma da Previdência é a entrada de Estados e municípios. Segundo o governador de São Paulo João Dória Jr., 25 Estados desejam entrar na Nova Previdência, mas descartam o regime de capitalização.

(Imagem: Facebook Oficial de Xi Jiping)

Estímulos chinês trouxe ânimo ao mercado externo

O governo chinês anunciou, nesta terça-feira, que províncias locais podem usar recursos de títulos especiais como capital para grande programa de investimentos em infraestrutura, assim destravando a economia chinesa que sofre com a desaceleração em meio à disputa comercial com os EUA. A medida se somou à suspensão das tarifas americanas sobre produtos mexicanos ontem e à expectativa de corte de juros do Fed, aumentando o apetite ao risco do investidor.

Os principais índices de Nova York fecharam o dia, no entanto, em baixa para a realização de lucros. Dow Jones não conseguiu a 7ª alta consecutiva e fechou praticamente estável com baixa de 0,05%, enquanto S&P 500 caiu 0,03% e Nasdaq registrou queda de 0,01%.

A perspectiva de afrouxamento monetário pelo Fed também continua alimentando o apetite ao risco do mercado. De acordo com o Monitor da Taxa do Fed do Investing.com, a probabilidade de um corte na reunião de julho é de 77,4%, enquanto já há chance de 51,8% para dois cortes na reunião seguinte em setembro. Os juros atualmente estão no intervalo de 2,25-2,5%.

As chances de afrouxamento monetário se solidificaram após o chairman do Fed Jerome Powell afirmar que vai tomar medidas para “sustentar a expansão da economia do país”. Powell se baseou no enfraquecimento de dados do mercado de trabalho americano divulgados pela ADP e o Payroll na semana, além de uma inflação abaixo da meta informal de 2%. Nesta terça-feira foi divulgada o Índice de Preço ao Produtor (IPP), que subiu 0,10%, dentro do consenso.

Trump flerta com guerra cambial

O presidente dos EUA encontrou uma nova mira em seus polêmicos tweets. Desta vez o alvo foi o euro em uma série de tweets. “O euro e outras moedas estão desvalorizados contra o dólar, colocando os EUA em uma grande desvantagem”, escreveu. A origem da crítica foi uma notícia da Bloomberg sobre o aumento de turistas americanos na União Europeia.

Trump não poupou o Fed de críticas. O presidente novamente atacou a política monetária de elevação dos juros – promovida no ano passado – e do aperto quantitativo, ou seja, redução de estímulos monetários do banco central por meio da compra de títulos no mercado.

Ações

VALE subiu 6,4%, maior alta diária desde janeiro, em meio ao noticiário chinês e disparada dos preços do minério de ferro na China, que contagiou também CSN (CSNA3), que avançou 5,7%. O analista Pedro Galdi, da corretora Mirae Asset, destacou que o anúncio chinês significa maior demanda por aço, logo, minério de ferro, em um ambiente de oferta global da commodity já reduzida pela tragédia causada pela Vale (VALE3) em Brumadinho (MG) em janeiro. A notícia, segundo ele, é benigna para as siderúrgicas Usiminas (USIM5) e Gerdau (GGBR4) produzem suas necessidades de minério, mas beneficia mais a CSN que exporta o excedente.

– PETROBRAS ON (PETR3) avançou 2% e PETROBRAS PN (PETR4) valorizou-se 1,9%, também reforçando os ganhos, após acelerar a alta com a assinatura com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) de um termo que consolida entendimentos entre as partes sobre como deverá se dar o desinvestimento da companhia em seus ativos de refino.

BRADESCO PN (BBDC4) encerrou com variação positiva de 0,46%, enquanto ITAÚ UNIBANCO PN (ITUB4) fechou com acréscimo de 0,5%. BANCO DO BRASIL, por sua vez, subiu 2% e SANTANDER BRASIL teve oscilação negativa de 0,05%. O presidente-executivo do Bradesco, Octavio de Lazari, afirmou nesta terça-feira que os grandes bancos brasileiros negociam a possibilidade de recuperação extrajudicial da Odebrecht, mas que estão preparados para todos os cenários.

BRASKEM avançou 3,7%. A petroquímica disse em reunião com o Conselho Estadual de Proteção Ambiental de Alagoas (Cepram) sobre o afundamento de bairros na capital Maceió nesta terça-fera que seções geológicas realizadas pela companhia não evidenciam presença de falhas em Mutange, bem como que a CPRM – Serviço Geológico do Brasil – realizou leitura equivocada de sonares para o Pinheiros, conforme reportagem do Portal Novo Extra.

AZUL recuou 0,8%, em sessão negativa para companhias aéreas no Ibovespa, com GOL (GOLL4) fechando em baixa de 0,3%. Investidores seguem monitorando desdobramentos relacionados ao pedido de recuperação judicial da rival Avianca Brasil e reflexos para o setor no país.

SABESP (SBSP3) caiu 0,55%, engatando a quinta sessão consecutiva de queda, após atingir cotação recorde para o fechamento, em meio a expectativas decorrentes do andamento de projeto de lei que atualiza o marco regulatório do saneamento.

IRB BRASIL (IRBR3) recuou 1,7%, maior queda do Ibovespa. No radar, está uma aguardada oferta secundária de ações da resseguradora pelo Banco do Brasil (BBAS3). No começo de maio, o presidente-executivo do BB afirmou que o banco de controle estatal pretendia vender sua fatia na companhia, mas que não havia ainda data para tal operação.

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