Comprar ou vender?

Nubank (NU): Enquanto mercado olha Haddad, analistas veem boas surpresas (e o potencial surpreende)

16 jun 2025, 16:56 - atualizado em 16 jun 2025, 16:56
Nubank
Apesar da pressão fiscal, analistas se surpreenderam com alguns números (Imagem: Reprodução/Nubank)

O Nubank (ROXO34;NU) sofreu nas últimas sessões com o pacote do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que amplia os impostos para as fintechs.

A instituição é apontada por analistas como uma das mais afetadas pelas medidas.

Atualmente, o Nubank arca com uma alíquota de CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) de 15%, por ser uma instituição financeira regulada pelo Banco Central, mas ainda não classificada como banco tradicional.

Com a MP 1303/2025, passa a ser exigido que bancos de qualquer natureza, SCFIs (Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento) e empresas de capitalização contribuam com 20% de CSLL.

Segundo cálculos, isso pode impactar em até 7% do lucro por ação da companhia.

Haddad defendeu a proposta:

“Eu só tenho conta no Banco do Brasil (BBAS3). Só faço propaganda de banco público. Não faço propaganda de banco privado. Mas por que um banco do tamanho do Nubank paga menos impostos que um banco do tamanho do Bradesco (BBDC4)? São bancos da mesma dimensão e estão competindo pelo mesmo mercado e pelo mesmo cliente”, disse.

O roxinho reagiu, afirmando que, de acordo com os demonstrativos consolidados das instituições financeiras, a alíquota efetiva em 2024 foi de 29,4%, enquanto a de alguns dos maiores bancos tradicionais ficou entre 4,7% e 17,3%.

Nubank: enquanto isso…

Apesar da pressão dos impostos, analistas se surpreenderam com alguns números.

O primeiro destaque é que dados do Banco Central mostram que o Nubank está ganhando participação relevante nos segmentos de renda média e alta, segundo o Goldman Sachs.

A participação dos bancos não tradicionais S3 — sendo o Nubank responsável por 85% desse grupo — subiu de 16,4% em março para 17,2% em abril.

Os empréstimos pessoais seguem aquecidos. O crescimento foi de 4% no mês e 86% no acumulado de 12 meses, com o Nubank ganhando 50 pontos-base no mês e 180 no ano, chegando a 13,4% de market share.

Entre as faixas de renda:

  • Baixa renda: share de 27,4% (+1010 pontos-base no ano);
  • Classe média: 13,9% (+470 pontos-base);
  • Alta renda: estável em 1,4%.

Consignado no radar

Outro ponto positivo é o avanço no empréstimo consignado, uma das principais apostas do governo para destravar o crédito. Nos cálculos do Morgan Stanley, o Nubank pode atingir 10% de participação até 2026, muito acima das projeções do mercado, que apontavam apenas 3% a 4%.

Atualmente, o Nubank possui 105 milhões de clientes no Brasil, o equivalente a 60% da população adulta. Cerca de 55% dos saldos de consignado estão com clientes do Nubank, embora a instituição ainda não atenda diretamente a maioria deles.

De acordo com o Morgan, o modelo 100% digital do Nubank, que elimina intermediários, permite oferecer juros 15% a 30% menores que os bancos tradicionais.

“O consignado pode explodir quando a Selic cair, devido à portabilidade e ao refinanciamento. Com a Selic em 14,75% (alta histórica), os volumes estão deprimidos, mas devem subir fortemente com os cortes esperados até 2026, chegando a um patamar terminal de 11,25%“, afirmam os analistas.

Uma pesquisa da AlphaWise revela que 22% dos entrevistados escolheriam o Nubank como principal destino para novos consignados, superando todos os bancos tradicionais.

Potencial de alta

Para o Morgan Stanley, o Nubank deve se consolidar como uma das maiores franquias bancárias da América Latina, sustentado por:

  • tecnologia de ponta;
  • alta satisfação dos clientes e;
  • um modelo de custos muito inferior aos incumbentes.

O preço-alvo tanto do Goldman Sachs quanto do Morgan Stanley é de US$ 18, o que representa potencial de alta de 50%.

A recomendação de ambos é compra.

Compartilhar

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.