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O agro continua com porteira ‘fechada’ para o PIB brasileiro no 4º trimestre

02 dez 2021, 15:54 - atualizado em 02 dez 2021, 16:07
Millho
Quebra da produção e menores exportações do milho estão na conta do PIB menor (Imagem: Pixabay/stux)P

Dada à continuidade de parte do cenário do agronegócio, que derrubou o PIB em menos 0,1% no trimestre passado, não há melhora nas expectativas para o atual.

Além do carrego estatístico – e o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida deu a entender -, com a contração de 8% do agro nada desprezível, alguns cenários se agravaram.

E estão entre os mais significativos das cadeias do agronegócio, que vão se reproduzir – piorados – de outubro a dezembro

“Além de a economia estar parando e os efeitos macros, como incertezas e juros, continuarem presentes, temos a questão dos custos de produção que geram aumento do consumo intermediário e levam à inflação [do agronegócio]”, explica o economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz.

Ele destaca os prejuízos climáticos este ano como significativos, apesar de os embarques em geral, em menos 9,8%, ante os três meses anteriores, é o que mais pesou pelo lado da demanda, como destacou o IBGE.

Se o efeito da paralisação das exportações de carne bovina à China foi sentido em apenas no último mês do 3º trimestre, como pontuou o IBGE, o embargo, que continua, vai cair cheio no 4º trimestre todo.

Aqui, nessa conta, se destaca o milho, que veio de forte quebra da 2ª safra por questões climáticas, embora se atribua também um atraso nas vendas de soja, que entrou com estoques mais carregados no segundo semestre à espera de preços melhores.

Para o analista e trader Roberto Carlos Rafael, da Germinar Corretora, não tem como não destacar que o cenário para o milho não mudou no 4º trimestre.

No começo do ano, se esperava que até janeiro/fevereiro o Brasil exportasse 35 milhões/t, mas ele calcula que mal chegará a 20 milhões, considerando que de fevereiro a novembro o País mandou para fora apenas 14,7 milhões/t, contra 28 do mesmo período de 2020.

Ou seja, um tombo de 48% até agora.

O café também apurou forte queda nas vendas internacionais, em mais de 20% no 3º trimestre, que, mesmo em cenário de preços recordes internacionais, carregará o mesmo resultado negativo para o período outubro-dezembro.

Ainda em relação à demanda, já não entrará nada significativo de exportações de açúcar no período, até final de dezembro, pela conclusão da safra antecipada, que também carrega embarques mais reduzidos desde o início do ciclo.

Mas, como o PIB tem várias contas, todos os efeitos negativos são distribuídos. Desde a menor originação de bois para embarques ao desastre que foi a quebra do milho de 81,9 para 62,3 milhões/t (nas duas safras), como também no caso do café e cana-de-açúcar, vão sendo descontados na soma da riqueza.

E o 4º trimestre pode ter algum alívio pontual com a sazonalidade de dezembro, mas, como diz o economista da Farsul, cada trimestre não é um jogo exclusivo.

Está encadeado no que passou e, na maioria das vezes, já carrega expectativas do seguinte.

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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