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AgroTimes

O agronegócio e o tarifaço de Trump: Não há vencedores

27 jul 2025, 10:00 - atualizado em 25 jul 2025, 17:27
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(iStock.com/wsfurlan)

No dia 1º de agosto, entram em vigor as tarifas de 50% impostas por Donald Trump em face de importações de produtos brasileiros pelos Estados Unidos. Elas estabelecem a mais grave crise em décadas no relacionamento entre as duas nações mais populosas do ocidente.

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Não obstante a balança comercial entre os dois países ser amplamente favorável ao mercado norte-americano — um superavit de US$ 7,4 bilhões —, o Brasil está sendo punido em tarifas muito superiores àquelas fixadas em face de países cuja balança comercial é imensamente desfavorável aos Estados Unidos.

Além da alegada motivação calcada no desrespeito a marcas e patentes, e em práticas supostamente anticoncorrenciais em meios de pagamento, transparece por parte da ação de Donald Trump a motivação política e o protecionismo em relação às gigantes do mundo digital.

Sob a aura do patriotismo, só a indústria norte-americana consumidora de aço e alumínio arcará com um excedente tributário de U$ 5,7 milhões.

Como na situação do marisco na luta entre o rochedo e o mar, no caso presente, o agronegócio parece ser um dos maiores prejudicados até o momento, juntamente com o consumidor norte-americano dos produtos agrícolas brasileiros.

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Exemplos dos efeitos nefastos da tarifação desmedida são os experimentados pelo mercado do suco de laranja e do café. Estudos do CNA apontam para uma redução quase que integral das importações de suco de laranja brasileiro, com aumento de mais de 30% sobre o preço do produto comercializado no mercado consumidor americano.

No que se refere ao café, há estimativas de redução em mais de 30% nas importações por aquele país. Os mesmos estudos apontam para prejuízos substanciais no mercado de carnes (diminuição por volta de 47% no volume de importações) e açúcar (redução de até 74% no volume de importações), entre outros.
Tratando-se de uma disputa em que não há ganhos e todas as partes envolvidas perdem, a atuação de Donald Trump acaba por causar um efeito contrário ao aparentemente pretendido.

Pesquisas aqui e lá apontam para uma massiva reprovação em relação à forma como o assunto está sendo tratado, com a desaprovação de 47% dos americanos e 62% dos brasileiros.

Mas há outras consequências graves decorrentes dessa posição do governo americano. Há uma inegável quebra de confiança dos países em geral em relação a esse parceiro comercial ocidental. Isso conduz à busca de novos mercados e, em muitos casos, a uma cada vez maior aproximação da China em relação aos mercados desses países, resultado de um novo alinhamento de interesses.

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A solução, indiscutivelmente, deve passar e está passando por negociações sérias e livres de componentes que desvirtuam a lógica comercial. Caso as negociações não funcionem, talvez vejamos no futuro a história considerando esse episódio como o tarifaço que fez os Estados Unidos perderem o Brasil como grande parceiro comercial.

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Vamilson José Costa é sócio do Costa Tavares Paes Advogados. Especialista em M&A, recuperação judicial, contencioso cível e empresarial, com longa experiência no setor agropecuário. É especializado em Direito do Consumidor pela Pontifícia Universidade Católica (PUC/SP-COGEAE) e formado em Direito pela Faculdade de Direito da Alta Paulista - São Paulo. Reconhecido pela Revista Análise Advocacia 500 como um dos advogados mais admirados no Brasil em “Full Service” e, por vários anos, pela Chambers Global e pela Chambers Latin America como advogado expoente na área de Resolução de Disputas – Contencioso.
vamilson.costa@moneytimes.com.br
Vamilson José Costa é sócio do Costa Tavares Paes Advogados. Especialista em M&A, recuperação judicial, contencioso cível e empresarial, com longa experiência no setor agropecuário. É especializado em Direito do Consumidor pela Pontifícia Universidade Católica (PUC/SP-COGEAE) e formado em Direito pela Faculdade de Direito da Alta Paulista - São Paulo. Reconhecido pela Revista Análise Advocacia 500 como um dos advogados mais admirados no Brasil em “Full Service” e, por vários anos, pela Chambers Global e pela Chambers Latin America como advogado expoente na área de Resolução de Disputas – Contencioso.
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