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O baque do caso Americanas (AMER3) nos fundos de crédito; é hora de resgatar?

23 jan 2023, 15:45 - atualizado em 23 jan 2023, 15:45
Americanas
Caso Americanas: Leitura do risco de crédito foi reprecificada e está maior neste momento (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

A magnitude dos problemas contábeis da Americanas (AMER3), que culminou com o pedido de recuperação judicial, criou um clima de incerteza no mercado de crédito. Isso porque a varejista vinha se posicionando como uma “boa parceira de crédito” de entidades do Brasil, explica a XP Investimentos.

Segundo Rodrigo Sgavioli e o time de analistas da XP, um movimento de aversão a risco mais amplo no mercado secundário contamina também o mercado primário. Ou seja, a leitura do risco de crédito foi reprecificada e está maior neste momento.

No entanto, eles também observam que o estresse está controlado. A maior parte do impacto nos preços dos ativos de crédito da Americanas já foi precificada entre os dias 11 e 20 de janeiro.

“As cotas dos fundos de crédito, consequentemente, também já devem ter passado o seu pior momento e devem voltar aos poucos a se comportar com mais normalidade dentro da realidade de volatilidade de cada fundo”, afirmam.

No caso da Americanas, os analistas explicaram que, em um processo de recuperação judicial, o primeiro impacto sentido pelo investidor de renda fixa é visto na posição de custódia, uma vez que os títulos de dívida da empresa deixam de ser negociados e têm o seu valor zerado na marcação a mercado.

Com a recuperação judicial, a varejista também suspenderá o curso normal de pagamentos de juros e principalmente de seus títulos de dívida.

É hora de resgatar os fundos de crédito?

Sgavioli e equipe não sugerem o resgate dos fundos de crédito ou até mesmo de algum fundo específico, salvo alguma necessidade emergencial. Segundo eles, o investidor estaria saindo na pior janela possível de rentabilidade, não capturando a possível e provável recuperação das cotas desses fundos.

Os analistas afirmam que os gestores dos fundos com posição em Americanas mantiveram ou reduziram as exposições à varejista, de acordo com as suas visões de mercado e dos preços dos ativos, a fim de causar o menor impacto negativo para os retornos das cotas.

Para eles, a grande maioria dos gestores deve tentar recuperar parte do valor da dívida.

Além disso, a XP ressalta que o cenário deve ser mais positivo agora, com um CDI (Certificado de Depósito Interbancário) “mais atrativo que, além de impulsionar a demanda para os ativos de crédito, pode contribuir para uma recuperação mais rápida das cotas”.

Americanas assustou os investidores de renda fixa?

Os analistas da XP avaliam que o susto da Americanas não mostra que ficou mais arriscado investir em debêntures e títulos de renda fixa emitidos por empresas. Esses títulos, geralmente, já apresentam risco mais alto do que títulos públicos, assim como títulos bancários, por não contarem com a garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

Para investimentos em fundos de crédito privado, a visão dos analistas segue “construtiva”.

Eles destacam, entretanto, que é preciso ter cuidado com fundos de crédito “cash enhanced” e com liquidez inferior a 15 dias que detenham posições muito relevantes em poucos papéis de crédito, principalmente se for um ativo de alto risco.

Além disso, recomendam não investir reserva de emergência em fundos que tenham crédito privado.

*Com Reuters

Editora-assistente
Editora-assistente no Money Times e graduanda em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Entrou para a área de finanças e investimentos em 2021.
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