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O Brasil só pensa em suínos para a China, o Notable só quer o valor agregado de Japão e Coreia

12 fev 2021, 13:47 - atualizado em 12 fev 2021, 14:15
Carne de porco
Carne de porco de frigorífico catarinense não deverá aportar na China continental (Imagem: REUTERS/Tingshu Wang)

O Notable Frigorífico Catarinense não pensa em mandar um quilo sequer de carne de porco para a China, o grande destino das proteínas animais brasileiras. No máximo que chega é a Hong Kong, que paga um pouco mais, destino para o qual não faz planos de crescimento.

O negócio da empresa de Edson Wigger é Japão e Coreia do Sul.

Depois de 1,5 ano no primeiro mercado e 1 ano no segundo, as exportações para os dois, com cotações até 10% superiores às pagas pelos importadores da ilha administrada por Pequim, as entregas mensais já oscilam entre 30% e 40% da capacidade da média produtiva da empresa de Grão-Pará, no Sul de Santa Catarina. Hoje, a média diária é de 550 cabeças abatidas.

Até final de 2021, Wigger, que evita falar em monetização, tem a meta de 50%.

À razão de cinco a seis contêneires de 24 toneladas para cada um daqueles dois países asiáticos, pode-se chegar a uma média de 11 somando-os, o que perfaz 264 toneladas a cada 30 dias.

“Importante é que além de estar aumentando os pedidos, estamos acrescentando novos cortes de suínos”, comenta o empresário, que lembra que coreanos e japoneses pagam bem, mas não gostam de muitas oscilações dos preços.

Até o início do segundo semestre de 2020, o Notable embarcava pelos portos catarinenses entre três e quatro contêneires mensais, com dois a três produtos. Hoje, já são de sete a oito produtos de mais alto valo agregado.

A confiança dos compradores exigentes vai aumentando (sobre questões como cumprimento dos contratos e sanidade), e, com isso, Edson Wigger acredita que baterá a meta de participação de Japão e Coreia do Sul no total de produção e exportações de carne suína do Notable. A Argentina é outro importante mercado.

Nesse ponto, o frigorífico, de médio porte, vai conseguir aumentar mais a escala de produção, com investimentos já programados para abater 700 porcos diários. Atualmente, 80% é fornecido pelos parceiros catarinenses, a única origem (o estado é livre de febre aftosa em vacinação e não pode ter trânsito de animais de outras regiões), e 20% saem da granja de Wigger.

Mesmo com maior volume que pretende obter, o Notable, segundo seu proprietário, não vislumbra o mercado chinês. Entre as razões, além da concorrência e cada vez mais pressão sobre os preços, está o controle total dos chineses sobre a peste suína africana num futuro não tão distante mais.

“Não posso ficar sob uma dependência que pode acabar um dia”, completa Wigger.

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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