BusinessTimes

O dilema da Ambev: perder da inflação ou perder consumidores?

20 fev 2020, 16:07 - atualizado em 20 fev 2020, 16:07
cerveja-ambev-
Preço baixo, mais vendas: o que a Ambev fará? O Credit Suisse tem uma sugestão (Imagem: Divulgação Ambev)

A Ambev (ABEV3) está diante de uma escolha em que nenhuma opção é totalmente positiva. De um lado, pode optar por manter o ritmo de reajuste de preços compatível com a inflação (ou até maior) para preservar receitas e lucros. De outro, frear os reajustes, a fim de recuperar sua participação de mercado.

A avaliação é do Credit Suisse, em relatório assinado pelos analistas Antonio Gonzalez, Marcella Recchia e Sanjeet Aujla. O trio, aliás, aposta numa guinada da cervejaria, deixando a lucratividade de lado por um momento, em busca do aumento do volume de vendas.

Conhecida pelo rigor com que controla custos, a Ambev tem precedentes nessa direção em, pelo menos, um outro país – o México. Segundo o Credit Suisse, a companhia escolheu reajustar seus preços abaixo da inflação, por ali, em dois períodos: de 2004 a 2008, e de 2016 a 2019.

O resultado foi um incremento médio anual do consumo per capita de 3,6% e de 6,3%, respectivamente, em cada intervalo.

Para os analistas, o exemplo mexicano é inspirador, mas o Brasil apresenta uma diferença. A curva de preços não se correlaciona tão bem com a de aumento do consumo. Na verdade, elas chegam a andar na contramão.

Passado

Isso aconteceu, por exemplo, entre 2004 e 2014, quando os preços das cervejas subiram mais que a inflação. Ao contrário do que se poderia supor, o consumo per capita cresceu nesse período. Já entre 2018 e 2019, quando a “inflação da cerveja” foi menor que a geral, o consumo se estabilizou.

Bandeira do México
México: experiência da Ambev no país pode inspirar estratégia no Brasil (Imagem: Pixabay)

No cenário traçado pelo Credit Suisse, reajustar o preço das bebidas abaixo da inflação até 2023 elevaria o consumo per capita aos níveis pré-crise. Isso significaria chegar a 68,5 litros por brasileiro, ante os atuais 58,8 litros.

Com um aumento anual de 2,5% no preço, a Ambev alcançaria, em três anos, um volume de vendas de 94 milhões de hectolitros, ante a atual estimativa de 88,4 milhões do Credit Suisse.

“No melhor cenário, em que o consumo de cerveja no Brasil siga o sucesso mexicano, o volume de cervejas da Ambev no Brasil, vendas e ebitda seria 12,5%, 10,8% e 7,3% maiores que a nossa previsão, respectivamente”, afirma o banco.

Só a Ambev é capaz de dizer o que prefere. Mas, se depender da torcida do Credit Suisse, não faria mal segurar os preços por uns anos.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
Linkedin
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
Linkedin
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.