O enigma China e o boi gordo em 2026; “Vamos certamente ver preços acima de R$ 350 e R$ 360”
O mercado já projeta uma virada do ciclo pecuário do boi em 2026, o que deve provocar uma menor oferta de animais no Brasil, e consequentemente, maiores preços para arroba e animais de reposição.
Apesar disso, a demanda internacional seguirá forte, dado o déficit de rebanho nos Estados Unidos, Europa e Argentina, colocando o Brasil em posição de destaque como fornecedor global.
Neste final de outubro, os preços reagiram, com negócios em São Paulo entre R$ 320 e R$ 325 no mercado à vista. No entanto, até o final do ano, é difícil esperar novas altas.
- Quer investir no setor? O Agro Times montou um guia com tudo que você deve saber antes de investir no agronegócio
Para 2026, segundo o Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercados, a expectativa é de preços acima de R$ 350 e R$ 360 por arroba. Ele reforça que, apesar da inversão de ciclo, muitos animais ainda serão destinados para o abate no próximo ano. Para a Safras, o abate de animais deve cair 2,5%.
“O pecuarista precisa ficar atento com a alta dos preços das categorias mais jovens, de reposição, que vão subir e pressionar as margens e relações de trocas. As exportações vão continuar sendo o fio condutor dessa alta de preços da roupa do boi”.
Iglesias aponta que o momento atual é de formação de estoques e aquisição de animais, antecipando à alta dos preços e garantindo margens melhores quando o mercado entrar em nova fase de valorização.
“O planejamento é crucial para ‘surfar na alta’ que se aproxima. O pecuarista consegue fazer um hedge bem feito e se proteger da volatilidade se ele fizer uma boa proteção. O produtor não pode errar mais da porteira para fora”.
O enigma China
O grande ponto de atenção fica para a China, responsável por cerca de 50% das exportações brasileiras de carne bovina.
O gigante asiático deve divulgar em novembro os resultados de uma investigação iniciada no fim de 2024, que analisa os impactos da importação de carne na produção local. O relatório estava previsto para ser divulgado em agosto, mas foi adiado sob a justificativa da complexidade do tema.
“Apesar de ser improvável que a China adote medidas restritivas severas, como cotas ou tarifas, precisamos monitorar a decisão nas próximas semanas, dado o impacto sobre o mercado brasileiro”.
De acordo com o analista, os chineses não deixariam de comprar a carne brasileira, mas a possibilidade da adoção de barreiras existe. “Ainda acho que eles vão continuar priorizando compras do Brasil por preço, escala de produção e relação entre os países”.
O Brasil aguarda ainda a abertura de mercado da carne bovina para o Japão