O impacto da potencial compra de fatia na Rumo (RAIL3) pela Ultrapar (UGPA3), segundo a XP
A eventual compra de uma fatia relevante da Rumo (RAIL3) pela Ultrapar (UGPA3) teria um impacto direto e imediato na alavancagem e no valuation da holding, disse a XP Investimentos.
A corretora calcula que o endividamento poderia subir para até 3,0 vezes a dívida líquida sobre o Ebitda, recuando para 2,6 vezes caso a Rumo fosse consolidada no balanço.
Apesar da alta, a XP considera esse nível ainda viável para a companhia.
Segundo o Brazil Journal, a Ultrapar está montando uma posição na Rumo e já se aproxima de 5% do capital da holding de ferrovias. As empresas não confirmaram.
Piora no curto prazo
Para a XP, o movimento traria uma piora clara nas métricas de curto prazo. O múltiplo de preço sobre lucro da Ultrapar poderia aumentar cerca de 30%, passando de 9,5 vezes para 12,5 vezes num cenário de aquisição de 30% da Rumo.
Já o rendimento de fluxo de caixa para o acionista cairia de 11,4% para 6,7% se a compra não for consolidada, ou para 2,6% caso a consolidação ocorra.
Para a XP, o número mais relevante é o FCFE estimado em R$ 1,6 bilhão após o acréscimo de despesas financeiras.
Desafios de estruturação
A XP também chama atenção para desafios de estruturação da operação, como possíveis ineficiências fiscais caso a dívida fique concentrada na holding. Além disso, o mercado poderia passar a avaliar a Ultrapar por soma das partes, o que costuma resultar em desconto de holding.
Nesse contexto, disse, a transação só faria sentido se a empresa conseguisse extrair sinergias e ganhos operacionais, repetindo o resultado positivo observado na Hidrovias do Brasil.
Mesmo assim, o simples interesse da Ultrapar tende a beneficiar Cosan e Rumo no curto prazo, afirma a XP.
Isso porque, na avaliação dos analistas da casa, confirma a existência de um comprador em potencial para a fatia da Cosan e reforça a percepção de valor estratégico da Rumo, especialmente diante das perspectivas positivas para o transporte de grãos no Mato Grosso.