Mercado Livre (MELI34) não é grande ameaça para a RD Saúde (RADL3), diz Itaú BBA

O Mercado Livre (MELI34) chamou a atenção do mercado — e principalmente do segmento farmacêutico — com a confirmação de que está adquirindo a farmácia “Target”. Mas, na visão do Itaú BBA, é improvável que a RD Saúde (RADL3) perca participação de mercado para o Meli ou outros marketplaces.
A rede de farmácias, a maior do Brasil, acabou no radar dos investidores, que tentam entender os possíveis impactos da entrada da gigante do e-commerce no segmento. Diante disso, analistas do BBA analisaram números para compreender o tamanho da oportunidade no setor para o Mercado Livre e o consequente risco para nomes como a RD e outras farmácias.
A equipe, liderada por Rodrigo Gastim, chegou a três principais conclusões. A primeira delas é que a categoria farmacêutica não é um impulsionador significativo de crescimento do GMV (volume bruto de mercadorias) para o Mercado Livre, estimando que ela representará cerca 6,5% do GMV da companhia em 2030.
- CONFIRA: Veja os ativos mais recomendados por grandes bancos e descubra como diversificar sua carteira com as escolhas favoritas do mercado; acesse gratuitamente
“Curiosamente (e impressionantemente), o GMV do MELI em 2025 já supera todo o mercado de varejo de medicamentos no Brasil”, colocam os analistas.
A segunda conclusão aponta que a RD provavelmente precisará fazer ajustes na sua precificação para manter a sua participação de mercado. Isso pode vir a impactar sua margem bruta em cerca de 200 pontos-base nos próximos anos.
No entanto, e sendo esta a última conclusão, esse movimento da RD poderá ser parcial ou totalmente compensado pelo ganho de participação de mercado das drogarias independentes de bairro, que são mais vulneráveis à ameaça do Mercado Livre, uma vez que têm uma presença muito maior em medicamentos de venda livre.
“É improvável que a RD perca participação de mercado para o Meli ou outros marketplaces. Em vez disso, acreditamos que ela fará investimentos em preços para se manter competitiva”, pondera o BBA.
Para a casa, se a RD Saúde perder em torno de dois a três pontos percentuais de margem bruta ao longo do tempo, a maioria das drogarias independentes, que operam com margens Ebitda de um dígito muito baixas, provavelmente fecharão as portas.
Estratégia do Mercado Livre
Na avaliação do Itaú BBA, faz mais sentido para o Mercado Livre iniciar a jornada na categoria farmacêutica vendendo medicamentos de venda livre (OTC), tendo em vista a logística e manuseio menos complexos, o conhecimento já existente no México e às margens relativamente mais altas (cerca de 35% de margem bruta ante cerca de 15-17% para medicamentos sob prescrição).
Os medicamentos OTC representaram um mercado total endereçável de US$ 8,5 bilhões em 2024. Além disso, eles têm uma robusta taxa de crescimento anual composta (CAGR) de cerca de 13% de 2021 a 2024, destacam os analistas.
“Estimamos que a categoria já tenha uma penetração online relativamente alta de aproximadamente 26% no Brasil (acima dos ~15% em 2021), o que está bem alinhado com as nossas estimativas para os Estados Unidos (~27%) e acima da média global de ~20%”.
Se assumir um CAGR em torno de 9% de 2025 a 2030 para a categoria, com a penetração online atingindo cerca de 35% e o Mercado Livre alcançando a sua participação atual de 42% — o que os analistas pontam como desafiador, dada a maior complexidade e concorrência — a estimativa é de um GMV de aproximadamente US$ 2 bilhões em medicamentos de venda livre até 2030, ou cerca 3% do GMV do Mercado Livre no Brasil.
“É por isso que acreditamos que a estratégia aqui é aumentar a penetração em uma categoria que reforça a recorrência e a fidelização dentro da plataforma, eventualmente apoiando a venda cruzada (cross-sell)”, diz o BBA.