Comprar ou vender?

O mercado financeiro e a facada em Bolsonaro

06 set 2018, 19:10 - atualizado em 06 set 2018, 22:04

A reação do mercado financeiro a eventos traumáticos da vida real é frequentemente desprovido de emoção, tal qual acidentes aéreos ou atos terroristas. Não foi diferente na tarde desta quinta-feira (6) quando o líder em todas as pesquisas à presidência, Jair Bolsonaro (PSL), foi esfaqueado publicamente enquanto fazia um corpo a corpo em um comício na cidade mineira Juiz de Fora.

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Segundo as informações mais recentes, o deputado federal foi atingido no fígado, pulmão e intestino e está sendo monitorado no momento. O candidato passou por procedimento com uma equipe de 10 médicos na Santa Casa de Juiz de Fora. O autor do ataque já foi preso pela Polícia Militar da cidade. A Polícia Federal, responsável pela segurança do candidato, abriu inquérito para investigar o caso.

Dados colhidos pela FGV Dapp mostram que o volume de menções ao candidato aumentou 2.500% em comparação com total de tuítes na hora anterior. O tópico Jair Bolsonaro chegou ao figurar entre os assuntos mais mencionados em 12 países. Às 18h, entre os dez termos mais mencionados no Brasil, quatro faziam referência ao episódio: violência (216 mil menções), arma (123 mil), Juiz de Fora (88 mil) e facada (83 mil).

Reação

O Ibovespa, que já subia antes do fato, engatou uma alta maior. “A reação no mercado foi de aceleração dos ganhos que já eram observados com ativos locais, com uma leitura inicial de que o atentado contra Bolsonaro levaria a potencial enfraquecimento de partidos de esquerda, à exemplo do PT, assim como potencial fortalecimento de candidatos de centro-direita/direita, incluindo Bolsonaro”, avalia a equipe da corretora H.Commcor.

A cotação do dólar fechou a semana em baixa de 0,95%, cotada a R$ 4,1042 para venda. Apesar da queda nos últimos dois dias, o dólar acumulou uma alta de 0,78% na semana. Na semana passada, a moeda apresentou uma disparada, e chegou ao patamar de R$ 4,15. O Ibovespa encerrou em alta de 1,76%, com 76.416 pontos.

Para a equipe da Benndorf Research, o atentado pode gerar alguma sensibilização a favor dele, “mas não a ponto de mudar o jogo. O impacto maior mesmo seria se o ataque partiu de alguém da extrema esquerda, isso colaborara mais para a desidratação do PT e geraria um driver mais consistente para o aumento de beta nas carteiras”, destaca.  O suspeito do ataque, Adélio Bispo de Oliveira, de 40 anos, já foi filiado ao PSOL.

“É explícita a reação positiva do mercado, com devolução de prêmio generalizada mesmo na véspera do feriado da Independência do Brasil, ficando no “ar” a expectativa com o comportamento dos ativos na próxima semana, especialmente se o exterior estiver calmo e permitir uma análise local”, pontua a avaliação da H.Commcor. Até a próxima pesquisa, contudo, não será possível estabelecer o impacto real do acontecimento.

O que se sabe, entretanto, é que Lula e o PT não são mais as únicas “vítimas” desta corrida eleitoral. “A facada muda o jogo da comunicação, dificultando o ataque ao candidato – consequentemente, reduz as chances de que sua rejeição continue a crescer, até se transformar em voto estratégico em outro candidato”, destaca Vitor Oliveira, Cientista Político e diretor da Pulso Público. A rejeição de Bolsonaro saltou de 37% em 20 de agosto para 44% em 5 de setembro, na avaliação do Ibope.

Fundador do Money Times | Editor
Fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.
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