AgroTimes

O ‘papel número 1’, a vocação e os desafios do agronegócio brasileiro na COP30 em Belém, segundo Ricardo Mussa

02 out 2025, 20:00 - atualizado em 02 out 2025, 19:08
ricardo mussa cop30 agronegocio
(Foto: Divulgação)

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O líder do SB COP30, Ricardo Mussa, destacou a prioridade da agricultura brasileira na COP30, em novembro, na cidade de Belém (PA), e comentou sobre os desafios do setor nos debates.

“Nosso papel número 1 é alimentar o mundo de forma mais eficiente diante do crescimento da população global. Quando pensamos em biocombustíveis, isso fica ainda mais evidente, porque há setores que não vão conseguir eletrificar — há um termo em inglês para isso: hard to abate”, afirma.

Ele cita o exemplo da aviação: mesmo que seja possível eletrificar um avião, sua vida útil é de 30 a 40 anos.

“Até você conseguir renovar a frota, vão se passar 50 anos, então não há como eletrificar um avião. A forma de reduzir as emissões da aviação, que representa 3% das emissões globais, é com o SAF (Sustainable Aviation Fuel). E de onde ele vem? Tem que vir do agro. É aí que temos uma vocação enorme, porque conseguimos produzir alimento e biocombustível ao mesmo tempo”, aponta Mussa.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O Código Florestal do Brasil e agricultura tropical

Mussa também chamou atenção para o Código Florestal brasileiro, uma lei única no mundo, que prevê Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente (APP).

“Os produtores brasileiros são heróis na preservação. Talvez apenas a Costa Rica tenha algo semelhante. O fazendeiro do Mato Grosso compete com o produtor de Illinois ou com o açúcar de beterraba da França e da Índia, onde não há reserva legal nem APP. Eles não enfrentam a mesma pressão, e só por isso nossa agricultura é muito mais sustentável que a do resto do mundo.”

Um dos principais desafios do Brasil está nas regulações ambientais, que historicamente foram criadas na Europa e pensadas para uma agricultura temperada.

“Os estudos mostram que a agricultura tropical — a nossa agricultura — é totalmente diferente, seja na captura de carbono, seja na profundidade das raízes ou na dinâmica do solo. Precisamos de mais estudos e de promover nosso agro internacionalmente, explicando com base científica. O difícil é evitar o embate político”, diz Mussa.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ele reforça que os concorrentes estrangeiros não torcem pelo sucesso brasileiro e que o país deve se respaldar com ciência.

“Temos que apoiar a ESALQ e a Embrapa para ter estudos sólidos e influenciar as regulações. Elas precisam ser pensadas para países do Global South, com aliados da África, que têm agricultura mais parecida com a nossa. Não temos de temer o debate, porque temos a melhor agricultura do mundo.”

A importância do mercado de carbono

Mussa acredita que o desenvolvimento do mercado de carbono seria positivo para a agricultura brasileira, já que a contabilidade do carbono mostraria uma pegada muito menor para produtos como soja, milho, açúcar e proteínas. O ex-CEO da Raízen (RAIZ4) enfatiza que aumentar a produtividade global na produção de alimentos é essencial para reduzir emissões de carbono.

“Essa é a questão central da discussão sobre clima: o carbono. Se você consegue precificá-lo, nossos produtos deveriam ser premiados. Hoje, eles já recebem desconto em relação ao resto do mundo, pelo taxonomy, e agora com a Carbon Tax na Europa”, afirma.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Compartilhar

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024 e 2025, ficou entre os 100 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.
pasquale.salvo@moneytimes.com.br
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024 e 2025, ficou entre os 100 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.