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O pós-COP30: O mapa do caminho não pode ser radical e é ingênuo acreditar que ricos vão pagar a conta, diz Ricardo Mussa

28 nov 2025, 7:00 - atualizado em 27 nov 2025, 18:39
cop30 Ricardo mussa
(Foto: Money Times)

O mapa do caminho (roadmap), um roteiro para que os países reduzam e deixem de usar combustíveis fósseis, foi um dos principais temas debatidos durante a COP30, em Belém. Apesar de ficar fora do texto final, o presidente da 30ª edição da Conferência do Clima, André Corrêa do Lago, disse que essa será uma iniciativa brasileira.

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Para Ricardo Mussa, chair do SB COP30, iniciativa empresarial do setor na Conferência das Partes, a solução que a transição energética trará não será “goela abaixo” e com o fim dos fósseis “amanhã”. Essa solução virá de tecnologia, inovação e, é claro, custos.

Segundo ele, o radicalismo atrapalha muito as discussões, e reforçou que ainda há muita ineficiência dentro do setor fóssil, seja em produção ou nos motores.

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“Se conseguirmos avançar em eficiência e diferenciar os fósseis entre si pela intensidade de emissões, já teremos uma grande contribuição. Não dá para ignorar países altamente dependentes do petróleo e sem alternativas energéticas. Quando você impõe metas irrealistas, a conversa desanda”.

O papel dos fósseis e a importância dos créditos de carbono

O engenheiro vê como ingênua a crença de que os países ricos vão pagar pela conta das nações mais pobres.

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“Já vimos que isso não funciona. A equação precisa fazer sentido econômico e ter política pública para fechar o gap. A China fez isso muito bem. Há 20 anos, energia solar e baterias eram inviáveis. O governo financiou e hoje eles são líderes mundiais”.

Ele defende que é preciso entender quais tecnologias valem essa aposta e usar recursos públicos para dar escala, ajudando inclusive países dependentes do petróleo a virarem parceiros — não adversários — da transição.

“Para isso, precisamos reconhecer o papel importante que o fóssil tem hoje, não dá pra tirar da mesa. As empresas fósseis têm dinheiro, tecnologia e capacidade de escala para participar de soluções, como em CCS (Carbon Capture and Storage). Vejo ambientalistas dizendo que o CCS é absurdo, mas por quê? A visão deveria ser agnóstica em tecnologia — o objetivo principal é reduzir emissões, e ponto”, enfatiza.

Em alguns setores, a descarbonização é muito difícil. Para o líder do SB COP30, talvez seja mais eficiente que esses segmentos comprem créditos de carbono de áreas onde é mais barato descarbonizar, ao invés de tentar forçar mudanças custosas.

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“O resultado final é o mesmo, só que mais econômico — e isso esbarra na falta de um mercado de carbono que funciona”.

Os avanços da China e Arábia Saudita em renováveis

Mussa cita os exemplos de China e Arábia Saudita, que apesar da forte presença de fósseis, já encontraram caminhos para expandir suas atuações com renováveis. O sucesso chinês em renováveis tem muito a ver com apostas estratégicas em tecnologias como solar e eólica de baixo custo.

“O pavilhão da China na COP era quase um balcão de negócios. Eles estão muito engajados com a transição energética, porque eles têm muita vocação para isso, apesar de terem muito carvão. Esse é um país que vai surfar bem essa onda”, conta.

O ex-CEO da Raízen vê na Arábia Saudita a representação do “petrostate” (isto é, um país altamente dependente de petróleo) como nenhum outro país no mundo. No entanto, durante a COP, ele pôde entender mais dos avanços da nação em energia renovável.

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Até 2030 mais da metade da energia para consumo interno da Arábia Saudita virá de renováveis.

“Eles fazem isso, porque apesar de ser o maior low cost producer de petróleo no mundo, já começa a fazer sentido a produção de energia renovável através de solar e eólica. O driver da transição energética é custo de produção, e isso está acontecendo, ainda que não na rapidez que gostaríamos”.

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Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural. Em 2024 e 2025, ficou entre os 100 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural. Em 2024 e 2025, ficou entre os 100 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.
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