AgroTimes

O potencial do milho à frente da cana no etanol e o problema dos carros elétricos no Brasil

22 mar 2024, 10:00 - atualizado em 25 mar 2024, 16:41
etanol milho
CIO da Trígono Capital fala sobre o grande potencial do milho na geração de energia, o problemas dos carros elétricos e a recuperação de pastagens (Foto: Unem/Divulgação)

(***ERRATA: Havia um erro na matéria que indicava que em um hectare de cana era possível obter 70-80 litros de etanol. Destacamos, que, na verdade, segundo dados da Conab e Embrapa, a partir de um hectare com cana, é possível obter, em média, 78 toneladas com cana-de-açúcar, que por sua vez geram cerca de 6630 litros de etanol, já que é possível produzir 85 litros de etanol com uma tonelada de cana)

Não é novidade que o Brasil será o grande protagonista da transição energética, com os países optando por fontes renováveis como o etanol, por exemplo, em detrimento dos combustíveis fósseis.

Segundo Werner Roger, gestor e CIO da Trígono Capital, o futuro do biocombustível parece mais atrelado ao milho do que à cana-de-açúcar.

“Com uma tonelada de milho, você obtém 450 litros de etanol e 200 kg de DDGS, proteína usada para alimentação de animais, ao preço de atual de cerca de US$ 200/ton. Com uma tonelada de cana, por sua vez, você produz cerca de 85 litros. E para cada litro de etanol, você consegue 13 litros de vinhaça, usada em ferti-irrigação e que pode ser transformada em biometano no futuro”, completa.

Entre os riscos para o milho, está a própria variação da commodity, que pode ver seu preço variar em uma ocasional quebra de safra, enquanto a cana tem seu preço associado ao açúcar e etanol, o que mitiga a desconexão entre preços e custos.

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Recuperação de pastagens e o problema dos carros elétricos

De acordo com estudo da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o Brasil conta com cerca de 28 milhões de hectares em pastagens degradadas que podem ser transformadas em áreas agrícolas. Para Roger, esse número chega a 33 milhões de hectares.

“Uma pastagem degradada tem cerca de um boi por hectare, que deposita seus dejetos que gera o metano, 50 vezes mais poluente que o CO²… Imagine 33 milhões de cabeça de gado. Atualmente, temos 8 milhões de hectares de cana-de-açúcar, sendo 4 milhões para etanol e 4 milhões para açúcar. Sendo assim, precisamos apenas dedicar essas áreas degradadas para produzir etanol. Os ganhos econômicos produzindo grãos são muito maiores que produzindo gado”, avalia.

O CIO da Trígono ressalta que o Brasil conta com as melhores políticas de descarbonização através de combustíveis renováveis, mas faz uma ressalva quanto aos carros elétricos no país.

“De onde vêm essas baterias dos carros elétricos? Elas vêm dos metais, que, por sua vez. vêm dos minérios, dos quais não conseguimos eliminar os resíduos. O carro elétrico pode ser uma solução para Noruega, Suécia ou China, sendo que a China produz 60% da sua energia elétrica queimando carvão, usando fósseis para alimentar o carro elétrico. Qual a lógica disso?”, questiona.

Brasil na frente dos Estados Unidos

Roger comenta que na São Martinho (SMTO3), por exemplo, quando a cana-de-açúcar está parada, usa suas usinas para produzir etanol de milho, a partir da biomassa.

“Os Estados Unidos não contam com essa vantagem de usar a biomassa para gerar energia, então eles são obrigados a comprar gás, emitindo carbono para realizar o esmagamento do milho. Nós estamos muito ‘bem na foto’, além do fato de contarmos com três safras de milho, enquanto eles contam com apenas uma”, finaliza.

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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