O prejuízo da gripe aviária: Consumidor pode ver menores preços para carne de frango no Brasil?

O mercado brasileiro foi pego de surpresa na última sexta-feira (19) após o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmar o primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial do Brasil.
O registro aconteceu em Montenegro (RS) e outros possíveis casos em Tocantins e Santa Catarina estão sendo investigados. Apesar do Governo Federal decretar emergência sanitária por 60 dias, países e blocos como Argentina, Canadá, China e União Europeia suspenderam as importações do Brasil.
O analista de proteína animal na Safras & Mercado, Fernando Iglesias, explica que a situação deve se normalizar entre 28 e 60 dias e ressalta o trabalho eficiente e transparente das autoridades agropecuárias do Brasil. Quanto a uma queda nos preços da carne no país, a partir de uma maior oferta interna, ele explica.
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“Temos tudo para superar estes desafios, com a normalização gradual dos embarques nos próximos 28 – 60 dias. Esse é um desafio que o setor está apto a enfrentar. Pode haver um avanço da oferta doméstica, principalmente se os embargos durarem mais tempo do que o previsto inicialmente”.
O tamanho do impacto da gripe aviária e a participação da China
Iglesias explica que boa parte dos produtos exportados pelo Brasil para China, como é o caso do pé de frango, não contam com uma demanda forte aqui dentro do país.
“Isso gera um outro tipo de problema, que é armazenar esse produto em câmaras frias até o fluxo normal de comércio se reestabelecer, algo que não é tão simples. Há essa expectativa de uma maior oferta no mercado interno, mas essa queda nos preços deve ser moderada, sem grande intensidade. Só vai acontecer de forma agressiva se mais países deixarem de comprar a carne de frango do Brasil e se esses países acabarem optando por um embargo total. Enquanto Santa Catarina e Paraná absorverem volumes desviados do RS, o mercado continuará trabalhando”.
O analista cita que os prejuízos financeiro gerais do Brasil por conta dos embargos deve ficar na casa de US$ 100 milhões, e reforça que a China, diferente de outras proteínas, responde apenas por 10,4% das exportações do país em 2025.
“Quanto ao consumo, não há risco de contaminação a partir do consumo. O risco fica para os trabalhadores que trabalham nas granjas. E o caso só vai mexer com proteínas concorrentes se nós tivermos período mais longo de embargo, o que não parece ser o caso. Fora isso, a participação do Brasil na SIAL China pode contribuir para negociações quanto a reabertura do mercado brasileiro”.
O ministro reforçou em coletiva realizada nesta segunda-feira (19) que não haverá uma grande queda nos preços de frango no mercado interno.