“O problema do Brasil não é a economia, é o sistema político, estúpido”
O banco Wells Fargo, o terceiro maior em ativos nos EUA, entende que os escândalos de corrupção no Brasil, que resultaram na condenação de Lula e investigação de Michel Temer, são consequências e não causas dos problemas econômicos vividos no país atualmente.
Em um relatório publicado nesta quinta-feira (13) e obtido pelo Money Times, o economista sênior Eugenio J. Alemán traça um panorama sobre a crise política e econômica.
“O maior problema no Brasil não é a corrupção. É o altamente fragmentado e frágil sistema que torna a política no país propícia para a proliferação das atividades corruptas”, diz Aléman. Ele traça um paralelo com os EUA, onde é famosa uma prática criticada conhecida como “pork-barrel”.
Isso acontece quando um político libera alguma obra específica numa localidade em troca de apoio eleitoral ou contribuições de campanha. É como uma emenda parlamentar no Brasil, mas com a diferença de que por aqui o dinheiro retorna para os bolsos dos deputados ou senadores.
É o sistema político, estúpido!
O Wells Fargo vê com bons olhos as reformas política realizadas pelo presidente Michel Temer para preparar o Brasil para o crescimento sustentável sem a dependência de ventos favoráveis das commodities. Contudo, observa que é urgente uma reforma do sistema político abrangente e completa. “No caso brasileiro, não é a “economia, estúpido”, é o “sistema político, estúpido”, avalia Aléman.
“Este é, talvez, o maior desafio para o Brasil hoje. Sim, reformar a economia para ser mais receptivo às mudanças nas marés do mundo é uma boa ideia. No entanto, a menos que o país altere esse sistema de incentivos entrincheirados para a governabilidade, será muito difícil para qualquer reforma econômica cumprir a promessa de um futuro melhor para o país como um todo”, ressalta.
O lamentável, aponta o Wells Fargo, é o fato de que ninguém está debatendo este assunto agora no país. “Até que isso aconteça, qualquer coisa feita em termos de reformas econômicas tem poucas possibilidades de mudar o caminho para a eterna promessa brasileira de “ser o país do futuro”, conclui o banco.