O que a entrada dos irmãos Muffato representa para o Assaí (ASAI3)? Analistas do Itaú BBA avaliam
A compra de uma participação na rede de atacarejos Assaí (ASAI3) pelos irmãos Muffato, donos da rede de supermercados e atacarejos que levam o nome da família nos estados de São Paulo e Paraná, não deve impactar a tese de investimentos da empresa no curto prazo, avaliam analistas do Itaú BBA.
O Assaí (ASAI3) divulgou, na quinta-feira (27), que fundos controlados pelos irmãos Muffato adquiriram uma posição acionária de 10,3% na empresa. De acordo com os documentos dos fundos Snapper Rocks e WHG Apache, os investidores afirmaram que a movimentação se trata de um investimento financeiro, sem o objetivo de alterar o controle ou a gestão do Assaí.
Por volta das 15h10, as ações do ASAI3 operavam em queda de 6,75%, a R$ 9,40.
Em relatório, os analistas afirmam que “os desafios recentes do Assaí são impulsionados principalmente por ventos macroeconômicos desfavoráveis e concorrência intensificada e não por questões de execução ou qualidade de gestão que poderiam ser melhoradas com a adição de um parceiro estratégico”.
O relatório ainda compara a concorrência entre as empresas do Grupo Muffato e da rede Assaí, demonstrando que os Muffato possuem uma dominância regional, baseada na proximidade das lojas com foco em regiões específicas do Paraná e do interior de São Paulo. Já o Assaí tem 304 lojas espalhadas pelo país e presença maior em grandes centros urbanos.
Em relação à competição direta, quase metade das lojas Muffato concorre diretamente com uma unidade do Assaí, tendo uma proximidade física de cerca de 5 quilômetros uma da outra, aponta o Itaú BBA. Ainda de acordo com o banco, apesar de ser o 6º maior varejista de alimentos do Brasil, o grupo Muffato é quatro vezes menor que o Assaí em receita: em 2024, faturou R$ 17 bilhões, enquanto a rede Assaí faturou R$ 81 bilhões.
De acordo com o estatuto do Assaí, ressalta o Itaú BBA, qualquer acionista que atinja 25% do total de ações deve lançar uma oferta pública de aquisição (OPA) de todas as ações em circulação. A regra define, ainda, que o investidor ofereça o maior entre três valores: valor econômico calculado por um avaliador independente, o maior preço pago pelo próprio comprador nos últimos 12 meses ou um bônus de 25% sobre o preço médio das ações nos últimos 120 dias.
Outra questão levantada pelos analistas é que o estatuto da empresa proíbe que membros do Conselho sejam eleitos caso ocupem cargos em empresas concorrentes ou apresentem conflitos de interesse.
Os analistas do Citi rebaixaram as ações do Assaí de compra para neutra/alto risco. Em relatório, o banco também reduziu o preço-alvo de R$ 11,80 para R$ 11,20 – o que implica em um potencial de valorização de 11,3%.