Entrevista

O que esperar de 2026: a visão do gestor da Kinea para juros e eleição

10 dez 2025, 7:00 - atualizado em 09 dez 2025, 14:44
FIIs - Carlos Martins - Gestor da Kinea
O que a Kinea espera para 2026, segundo o gestor Carlos Martins (Imagem: Kinea)

A Kinea Investimentos, uma das maiores administradoras de recursos do país, estima que a taxa Selic deve ser reduzida entre 2,5 e 3 pontos percentuais ao longo de 2026.

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Para o gestor Carlos Martins, o juro real hoje, próximo de 10%, é elevado demais para ser sustentado por muito tempo, o que abre caminho para cortes já partir do primeiro trimestre do ano que vem (1T26).

“O Banco Central ainda não está cravando. Ele continua duro, mas o que a gente vê e fala com os nossos economistas é que acho que no primeiro trimestre tem uma chance [de corte]. Acho que pelo menos uns 2,5 pontos [no ano] vêm”, afirmou, em entrevista ao Money Times, citando o consenso de mercado, que também enxerga inflação comportada e câmbio estável como fatores favoráveis.

Eleições: o ponto central

Apesar da perspectiva positiva, o ponto de maior incerteza não está na economia, mas, sim, na política.

De acordo com Martins, as eleições de 2026 podem alterar de forma significativa as expectativas de juros, sobretudo as curvas futuras e, por consequência, o desempenho de ativos de risco, como ações e fundos imobiliários (FIIs).

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Ele avalia que a trajetória da Selic será moldada pela percepção do mercado sobre a seriedade fiscal dos principais candidatos à Presidência da República.

“Se vier um candidato com agenda fiscal crível, as curvas [de juros] devem fechar, os ativos reais se valorizam e o mercado antecipa isso rapidamente. Já cenários que apontem para maior expansão do gasto público tendem a manter a taxa mais pressionada”, pontuou.

“Um presidenciável que apresente uma agenda séria para atacar o déficit fiscal pode destravar o país. Com juro menor, mais investimento, mais produção e menos pressão sobre empresas, os ativos de risco andam”, continuou.

Martins lembrou que o custo de capital hoje ainda é bastante elevado e trava decisões de investimento. Por isso, segundo ele, uma agenda fiscal consistente seria capaz de alterar essa dinâmica e acelerar o fluxo de recursos para a bolsa e para o mercado imobiliário.

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Qual candidato?

O gestor, contudo, avalia que a percepção de viabilidade eleitoral também será importante para os ativos de risco, a exemplo da reação negativa do mercado à indicação de Flávio Bolsonaro para disputar a Presidência.

Para se ter uma ideia, a bolsa de valores brasileira perdeu R$ 182,7 bilhões em um único dia, marco registrado na sexta-feira (5) passada, quando veio a público a decisão de Jair Bolsonarode apoiar a candidatura do filho.

“A bolsa derreteu porque o mercado acredita que ele [Flávio] tem uma chance menor de ganhar. Então, você precisa ter agenda [fiscal] e a competitividade juntos”, disse.

“Eu posso acreditar em tudo isso, mas se não consigo trazer votos, não adianta. É um discurso duro, mexe em custos, mexe na máquina pública. Mas é essencial para o país”, prosseguiu.

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Kinea ajusta a carteira, mas com cautela

Em meio a esse cenário, a Kinea vem ajustando suas carteiras de forma gradual. A estratégia, porém, não envolve movimentos bruscos. O foco, segundo Martins, continua sendo a dinâmica das curvas de juros, que orienta grande parte das decisões.

“Para nós, as curvas de juros são muito importantes. Então, essa coisa de entender a expectativa também. A gente está ajustando devagar, olhando para os cases mais óbvios. Estamos nos antecipando um pouco, mas sem girar tudo”, disse.

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Jornalista formado e com MBA em Planejamento Financeiro e Análise de Investimentos. Passou pelas redações da TV Band, UOL, Suno Notícias e Agência Mural, e foi líder de conteúdo no 'Economista Sincero'. Hoje, atua como repórter no Money Times.
Jornalista formado e com MBA em Planejamento Financeiro e Análise de Investimentos. Passou pelas redações da TV Band, UOL, Suno Notícias e Agência Mural, e foi líder de conteúdo no 'Economista Sincero'. Hoje, atua como repórter no Money Times.

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