Master liquidado: O que acontece agora? Como ficam os CDBs? Veja 10 perguntas e respostas
A novela do Banco Master parece chegar nos últimos capítulos com final trágico para o seu banqueiro, Daniel Vorcaro, que foi preso nessa amanhã, e a liquidação do banco, fundado ainda na década de 1970, mas que passou por grandes mudanças em 2019, sob a liderança de Vorcaro.
Agora, o Master se junta a outros bancos que foram igualmente liquidados, como o Banco Nacional, que quebrou em 1995, com rombo de R$ 5 a R$ 10 bilhões, que poderia chegar a R$ 25 a R$ 50 bilhões nos valores atuais, e o Bamerindus.
O último caso aconteceu na BRK Financeira, que teve sua falência decretada em março de 2024, após ter tido sua liquidação extrajudicial decretada pelo Banco Central em fevereiro de 2023.
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Já o Master entrará para história do sistema financeiro como o maior resgate da história dos 30 anos do FGC (Fundo Garantidor de Crédito).
Segundo dados de março do BC, o banco soma ativos de R$ 87 bilhões e passivos de R$ 83 bilhões.
Já o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) estima que terá de desembolsar R$ 41 bilhões para pagar as garantias aos credores do Banco Master.
Embora o valor envolvido seja grande, analistas citados pelo Money Times descartam risco sistêmico imediato: o Master não seria suficientemente interconectado com o sistema bancário para provocar uma crise generalizada.
Por outro lado, um grande acionamento do FGC para pagar credores pode gerar impacto no fundo — e, indiretamente, nos custos para outros bancos (se os bancos precisarem recompor o FGC).
No caso de grandes aplicações em CDBs do Master, há exemplos de empresas que negociaram resgates. Por exemplo, a Oncoclínicas (ONCO3) tinha cerca de R$ 478 milhões em CDBs do Master e fechou um acordo para resgate parcelado entre outubro/2025 e maio/2027.
- Por que Vorcaro foi preso?
A investigação da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) sobre a gestão do banco Master detectou indícios de que a instituição comandada por Daniel Vorcaro vendeu R$ 12,2 bilhões em carteiras de crédito inexistentes ao BRB, o banco público do Distrito Federal, e entregou documentos falsos ao Banco Central para tentar justificar o negócio.
- Por que o Banco Central liquidou o Master?
O Banco Central informou nesta terça-feira que decretou regime especial nas instituições do Master devido a uma grave crise de liquidez, destacando que o conglomerado detém 0,57% dos ativos totais do Sistema Financeiro Nacional (SFN).
- Como ficam os CDBs dos investidores pessoa física?
Se o valor da aplicação for até R$ 250 mil por CPF (e por conglomerado), há a cobertura do FGC, o que permite o ressarcimento.
O investidor precisa registrar-se no app do FGC para fazer a solicitação e indicar uma conta para receber a garantia.
Se o valor for maior que R$ 250 mil, o excesso está sujeito ao processo de liquidação e pode não ser totalmente recuperado
- O que exatamente significa a liquidação extrajudicial decretada pelo Banco Central?
Significa que o BC nomeia um liquidante para encerrar as operações do banco. O FGC então assume a responsabilidade de pagar os credores elegíveis.
- Quando e como os titulares de CDBs do Master poderão ser ressarcidos pelo FGC?
O direito ao ressarcimento surge imediatamente. Mas para receber, é necessário se registrar no aplicativo do FGC (ou Portal do Investidor), informar dados pessoais e conta para depósito.
O prazo médio para iniciar os pagamentos, segundo o FGC, é de cerca de 30 dias úteis.
- Qual é o limite da cobertura do FGC para os investimentos no Master?
O FGC garante até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ, por conglomerado. Se você tinha um CDB acima desse valor, a parte excedente pode não ser coberta.
- Para valores acima de R$ 250 mil, o que pode acontecer?
Esses valores entram no processo de liquidação do banco. Não há garantia de ressarcimento total, e o processo pode demorar anos.
- Como o FGC vai lidar com esse resgate tão grande?
Será a maior intervenção da história do FGC. Isso pode pressionar o fundo, e para recompor o caixa, outros bancos podem ter que contribuir, o que pode se refletir nos custos para eles.
- Há risco sistêmico para o sistema financeiro por causa do Master?
Segundo analistas citados, não. O Master é considerado um banco de menor relevância e sem grandes relações interbancárias.
Mesmo assim, o grande volume de resgate pode ter impacto no FGC, mas a quebra em cadeia de outros bancos é vista como improvável.
- Por que os CDBs do Master ofereciam taxas tão altas?
O Master usava uma estratégia agressiva de captação: pagava taxas muito altas (em alguns momentos até ~140% do CDI) para atrair investidores.
Money Times
Parte desse argumento era: “até R$ 250 mil está garantido pelo FGC”, o que torna mais atraente para investidores pessoa física.