O que esperar do Ibovespa em junho? Veja o que dizem os analistas de 6 casas

Depois de renovar sua máxima histórica em reais e ultrapassar os 140 mil pontos, o Ibovespa (IBOV) chega em junho com o desafio de sustentar o otimismo em meio a incertezas que ainda rondam o cenário macroeconômico.
O desempenho robusto de maio foi ancorado principalmente pelo forte fluxo estrangeiro, pela perspectiva de cortes na Selic à frente e por dados resilientes da economia brasileira. Mas, segundo analistas de grandes casas como Empiricus Research, Itaú BBA, XP, Safra, BB Investimentos e Ativa, o mês de junho pode marcar uma fase de maior seletividade, com volatilidade e correções pontuais no radar.
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Fluxo estrangeiro, surpresa nos balanços e otimismo com os juros
Em maio, o Ibovespa acumulou uma valorização de 1,45%, no patamar dos 137 mil pontos e se aproximando de seu recorde histórico em reais. O movimento foi sustentado principalmente pelo ingresso líquido de mais de R$ 21 bilhões por investidores estrangeiros no ano e pela percepção crescente de que o ciclo de alta da Selic chegou ao fim.
Segundo a Empiricus Research, começa a se consolidar uma “tese Brasil” no mercado internacional, baseada em três pilares: fim do aperto monetário, resiliência econômica com lucros corporativos sustentados até 2026, e a aproximação do ciclo eleitoral, que pode reprecificar os juros longos com a expectativa de uma guinada fiscal após 2026.
A casa destaca que, mesmo com a alta recente, o Ibovespa ainda está barato e negocia a 9 vezes o lucro esperado para 2026 (sem contar Petrobras e Vale), abaixo da média dos últimos 10 anos. Isso indica um potencial de alta de 27% caso os valuations voltem ao normal.
A XP também reforça a visão construtiva para a Bolsa brasileira, com base na melhora do ambiente macro, queda da inflação de serviços e indicadores de emprego ainda sólidos. Para o time de análise, os dados recentes aumentam a probabilidade de cortes nos juros a partir do fim de 2025, o que pode apoiar uma nova rodada de reprecificação dos ativos de risco no segundo semestre.
Ainda assim, a corretora ressalta que os riscos fiscais continuam relevantes, principalmente diante das dificuldades do governo em aprovar medidas de aumento de receita no Congresso.
Cautela à frente: risco fiscal e política monetária americana no radar
Já o cenário para junho pode ser mais desafiador. O principal ponto de atenção segue sendo o risco fiscal, agravado pela elevação do IOF e o contingenciamento de gastos. Além disso, a administração pública enfrenta desafios de popularidade, o que pode aumentar a probabilidade de mudanças na política fiscal a partir de 2027.
O Safra avalia que este segue sendo o fator de maior risco para o Brasil, principalmente no que tange à trajetória da dívida pública. Para o banco, esse tema deve seguir pressionando os prêmios de risco na curva de juros e limitando a atratividade da Bolsa no curto prazo.
Os analistas do banco mantém visão neutra para o Ibovespa, recomendando exposição seletiva a setores menos sensíveis ao juro real e mais ligados ao consumo interno e exportações.
O Itaú BBA também reforça o alerta com relação à incerteza fiscal e ao cenário externo. A instituição lembra que o Federal Reserve (Fed) ainda não confirmou o início dos cortes de juros nos Estados Unidos e que uma reprecificação dos ativos americanos pode afetar o apetite por risco em mercados emergentes, como o Brasil.
Mesmo assim, o BBA considera que os valuations seguem atrativos e que a temporada de balanços do primeiro trimestre mostrou fundamentos saudáveis para as empresas listadas.
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A Ativa Investimentos compartilha da mesma visão. Para a corretora, o índice da Bolsa brasileira pode enfrentar alguma realização de lucros ao longo de junho, especialmente se o fluxo estrangeiro desacelerar ou se houver novos ruídos no cenário político doméstico.
No entanto, o time da Ativa destaca que o índice ainda tem espaço para buscar os 145 mil pontos ao longo do segundo semestre, com base na expectativa de um ciclo de afrouxamento monetário e melhora nas projeções de crescimento.
O BB Investimentos, por sua vez, mantém visão construtiva, mas com maior ênfase em fundamentos e seletividade. A instituição ressalta que, com o índice negociando próximo das máximas e parte da valorização recente atribuída à expansão de múltiplos, a próxima alta da Bolsa dependerá da entrega de crescimento de lucros. Setores como bancos, energia e consumo devem se beneficiar de um ambiente de inflação mais controlada e maior renda disponível.