O que está mexendo com os mercados? Veja as principais notícias desta tarde

1. Ibovespa recua antes de Federal Reserve e Copom
O Ibovespa mostrava certa fraqueza nesta terça-feira, com agentes financeiros preferindo posições comedidas antes de decisões de política monetária nesta semana, particularmente nos Estados Unidos e Brasil.
Às 13h10, o Ibovespa caía 0,83%, a 113.853,38 pontos. O volume financeiro somava 4,9 bilhões de reais.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve começam nesta sessão suas reuniões, mas os respectivos resultado serão conhecidos apenas na quarta-feira.
No caso do Fed, que apresentará projeções econômicas junto com seu comunicado, previsto para 15h (horário de Brasília), há expectativa de que ele estime que a economia dos EUA crescerá em 2021 à taxa mais rápida em décadas.
Ao mesmo tempo, não deve apresentar mudança relevante no tom sobre sua política monetária.
Em relação ao Copom, que divulga a decisão após o fechamento do mercado, a previsão é que eleve a Selic pela primeira vez em quase seis anos, com uma alta de 0,5 ponto percentual sobre os atuais 2% ao ano.
A equipe da Levante também chamou a atenção o revés no noticiário ligado a vacinas contra a Covid-10, com vários países na Europa suspendendo o uso do imunizante do laboratório AstraZeneca, que no Brasil é produzido pela Fiocruz.
“Isso quer dizer um atraso na imunização das populações, com reflexos negativos na retomada da atividade econômica”, afirmou em nota a clientes.
Na véspera, Alemanha, Itália e França comunicaram que suspenderão o uso das vacinas contra coronavírus da AstraZeneca. Um painel de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) deve emitir um comunicado sobre a vacina nesta terça.
2. Brasil abre 260.353 vagas formais de trabalho em janeiro, acima do esperado
O Brasil abriu 260.353 vagas formais de trabalho em janeiro, número acima do esperado por economistas e impulsionado por contratações da indústria e do setor de serviços, mostrou o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado nesta terça-feira pelo Ministério da Economia.
O resultado veio bem acima das expectativas de analistas consultados pela Reuters, que previam a abertura de 122 mil postos de trabalho com carteira assinada no mês passado.
Também superou a criação líquida de vagas registrada em janeiro de 2020, de 117.793, quando a economia do país ainda não havia sido impactada pela pandemia da Covid-19 .
No primeiro mês do ano houve abertura de vagas em todos os setores da economia, com destaque para indústria (+90.431) e serviços (+83.686), seguido da construção (+43.498) e agropecuária (+32.986).
O setor de comércio, que sofre o impacto mais direto das medidas de isolamento social adotadas para o enfrentamento da pandemia, criou 9.848 postos.
Enquanto o desemprego no setor informal tem batido recordes, o trabalho formal foi protegido durante a crise por programa do governo que ofereceu complementação de renda a trabalhadores que tivessem seus contratos de trabalhos temporariamente suspensos ou sofressem redução de jornada e salários.
O programa, denominado BEM, se encerrou em dezembro, mas o governo já anunciou que ele será reeditado, em novas bases.
Em dezembro, o país fechou 93.726 vagas, segundo dado com ajustes de 67,9 mil informado originalmente. O fechamento de postos, que obedece a tendência sazonal, se deu após cinco meses consecutivos de abertura de vagas.
3. Indicado para Saúde, Queiroga diz que a política de ação contra pandemia é do governo e não do ministro
No dia seguinte a sua indicação para o cargo de ministro da Saúde, o cardiologista Marcelo Queiroga afirmou nesta terça-feira que a política de saúde é do governo do presidente Jair Bolsonaro e cabe ao ministério executar as medidas e que irá dar continuidade às ações planejadas por Eduardo Pazuello.
“O governo está trabalhando. As políticas públicas estão sendo colocadas em prática. O ministro Pazuello anunciou todo o cronograma da vacinação. A política é do governo Bolsonaro. A política não é do ministro da Saúde. O ministro da Saúde executa a política do governo”, disse Queiroga a jornalistas ao chegar para sua primeira reunião no ministério.
“Ministro Pazuello tem trabalhado arduamente para melhorar as condições sanitárias do Brasil e eu fui convocado pelo presidente Bolsonaro para dar continuidade a esse trabalho.”
O nome de Queiroga foi anunciado na noite de segunda-feira por Bolsonaro, em substituição a Pazuello. A informação de que o ministro deixaria o cargo surgiu no final de semana mas, ao mesmo tempo em que o general negava que tivesse pedido para sair, o presidente fazia contatos com a cardiologista Ludhmila Hajjar, indicada por, entre outros, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e Queiroga, apresentado pelo senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), seu filho.
A nomeação de Queiroga deve sair na quarta-feira no Diário Oficial, mas o futuro ministro iniciou nesta terça já as reuniões de transição no ministério.
Questionado sobre temas como o uso de cloroquina e lockdown, que costumam afastar Bolsonaro de boa parte da comunidade científica, Queiroga se recusou a responder. Afirmou que suas posições são públicas e o necessário hoje é uma “união nacional”.
“O presidente está muito preocupado com essa situação, ele tem pensado nisso diuturnamente e vamos buscar soluções. Não tem vara de condão para solucionar os problemas da saúde pública”, disse.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, no domingo –quando seu nome começou a circular como possível ministro– Queiroga afirmou ser contra o uso da cloroquina.
4. Coronavírus: as grandes empresas estão ficando maiores, e as pequenas, menores
Os milhões de desempregados, a perda de renda e as quedas do PIB são os impactos mais visíveis e imediatos da pandemia de coronavírus na economia mundial. Mas outro efeito começa a preocupar os economistas: a concentração de mercado, decorrente da falência de milhares de pequenas e médias empresas.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou, nesta segunda-feira (15), um estudo sobre o assunto, com dados que mostram que, desde a eclosão da Covid-19, as grandes empresas estão ficando maiores, e as pequenas, menores.
“A crise em curso resultará numa onda de falências que atingirá com mais força as pequenas e médias empresas, particularmente nos setores mais afetados”, afirma o documento. “As análises sugerem que as falências motivadas pela pandemia levarão ao aumento da concentração de mercado e do poder de dirigi-lo”, completa.
O FMI analisou a concentração de mercado de diversos setores em 61 países, antes da pandemia. Na média, as quatro maiores empresas desses setores detinham, em conjunto, 56% de seus respectivos mercados. Quando a pandemia acabar, essa fatia terá subido para 60%.
Perda de dinamismo
Os autores do estudo alertam, ainda, que fusões e aquisições conduzidas pelas empresas líderes de cada setor tendem a gerar menos benefícios, do que quando os acordos são fechados entre empresas de pequeno e médio portes.
O ritmo de crescimento das vendas, por exemplo, desacelera 7 pontos percentuais, após uma grande empresa comprar uma rival menor. Já os investimentos em pesquisa e desenvolvimento caem entre 3% e 4%.
“Preocupantemente, nossa análise mostra que M&As conduzidas pelas empresas líderes contribuem para o declínio do dinamismo da indústria em geral”, afirmam os economistas do FMI.
5. Bolsonaro retira indicação de militar para diretoria da Anvisa e substitui por servidor de carreira
O presidente Jair Bolsonaro retirou a indicação do tenente-coronel da reserva Jorge Luiz Kormann para uma diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e apresentou ao Senado o nome de Romison Rodrigues Mota, que é servidor de carreira e já atua como diretor substituto.
Militar sem qualquer ligação com a área de saúde e muito menos com medicamentos e vacinas, Kormann havia sido indicado por Bolsonaro para a diretoria de Coordenação e Articulação do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, área responsável por autorizar o uso de imunizantes e outros remédios.
Kormann é secretário-executivo adjunto do Ministério da Saúde e um defensor do chamado “tratamento precoce” com medicamentos como cloroquina e ivermectina, que não tem comprovação de eficácia contra a Covid-19.
A indicação teve oposição aberta dos servidores da Anvisa. A associação da categoria, em nota, questionou a formação do militar –que é formado em administração de empresas mas não tem nenhuma experiência não apenas em medicamentos, mas em agências reguladoras– e ressaltou que ele não atenderia as exigências da lei de criação da agência.
A indicação também teve resistência no Senado, que precisa aprovar a indicação e havia risco de não aprovação.
Bolsonaro apontou Kormann em 20 de novembro, mas o nome não foi colocado em apreciação até o momento. Alessandra Bastos Soares ocupou o cargo até o final de dezembro, quando seu mandato se encerrou.
Desde então, Romison Mota vem ocupando a diretoria como diretor-substituto. Economista com especialização em vigilância sanitária pela Fundação Oswaldo Cruz, Mota é servidor de carreira da Anvisa desde 2005.