O que está mexendo com os mercados? Veja as principais notícias desta tarde

1. Ibovespa mostra fraqueza com apreensão sobre Covid-19 e IRB Brasil sobe
A bolsa paulista tinha um viés negativo nesta terça-feira, contaminada pelo cenário externo, em meio a receios com novas medidas de restrição contra a Covid-19 na Europa, enquanto IRB Brasil RE avançava após lucro em janeiro.
Às 13h, o Ibovespa subia 0,11 %, a 115.101,16 pontos. O volume financeiro era de 4,36 bilhões de reais.
Na Europa, mais ações para combater o coronavírus podem ser necessárias na França, com a quantidade de casos novos acelerando apesar de novo lockdown, enquanto a Alemanha prorrogou o seu lockdown até meados de abril.
“Apenas um progresso claro na campanha de vacinação poderá acalmar os mercados novamente e, até agora, há poucos sinais de que a UE será capaz de acelerar significativamente as vacinações a curto prazo”, afirmou o analista Milan Cutkovic, da Axi.
Ainda no exterior, investidores aguardam comentários do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, e da secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen.
No Brasil, onde a crise sanitária também não dá trégua, com o Estado de São Paulo ultrapassando 1.000 mortes em 24h pela primeira vez desde o começo da pandemia, ainda há o preocupante cenário fiscal e a instabilidade política.
O Banco Central reforçou nesta terça-feira os riscos fiscais de curto prazo entre os fatores que corroboraram a alta de Selic para 2,75% na semana passada.
“O país ainda vive um momento de enorme pressão e incerteza”, concluiu o estrategista Dan H. Kawa, da TAG Investimentos, em comentários a clientes.
2. Queiroga assume Saúde na quinta, mas Bolsonaro ainda busca espaço para Pazuello
Depois de dois adiamentos, o Palácio do Planalto marcou para quinta-feira a posse do novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, mas o presidente Jair Bolsonaro ainda busca um espaço para Eduardo Pazuello, que surge agora como nome para coordenar o Programa de Parceria em Investimentos, disseram à Reuters fontes a par do assunto.
Queiroga, que é sócio de várias empresas médicas na Paraíba, precisava sair das sociedades para assumir de fato o ministério, de acordo com as regras da administração pública, processo que deve se encerrar a tempo da posse de quinta.
Segundo uma fonte próxima do presidente, Bolsonaro conversou na segunda-feira com Pazuello para informá-lo da sua exoneração, que deve ocorrer na quarta-feira.
O governo, no entanto, ainda não conseguiu encontrar um novo posto para o general. De acordo com uma fonte com conhecimento do assunto, a mais recente solução, apresentada pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, seria colocar Pazuello para coordenar o PPI, que cuida das concessões e privatizações do governo.
O programa, como secretaria especial, hoje está no Ministério da Economia, depois de ter sido parte da Casa Civil enquanto Onyx era ministro. Coordenado por Martha Seillier, técnica que trabalha na área desde o governo Temer, é visto como uma área que funciona no governo.
Uma mudança na coordenação, avalia essa fonte, pode desestruturar a área. “É resolver um problema criando outro.”
Essa mudança, no entanto, não está definida, garante a fonte próxima do presidente. Segundo essa fonte, o mais provável sim é que Pazuello ganhe um cargo no Palácio do Planalto. Essa alternativa poderia ser a secretaria do PPI, que sairia da Economia, ou então uma secretaria especial.
Bolsonaro chegou a considerar a criação de um ministério para cuidar do desenvolvimento da Amazônia Legal, que teria sob seu guarda-chuva órgãos como a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), mas a ideia não foi adiante.
“Não tem como criar ministério nesse momento, não é uma boa. Já começaram a atacar essa ideia”, disse à Reuters a fonte.
3. Vendas de novas moradias nos EUA têm forte queda em fevereiro em meio a frio rigoroso
As vendas de novas moradias unifamiliares nos Estados Unidos caíram mais do que o esperado em fevereiro, em meio um tempo severamente frio que também pesou sobre a atividade em outras partes da economia no mês passado.
O Departamento do Comércio informou nesta quarta-feira que as vendas de novas moradias despencaram 18,2% no mês passado, para uma taxa anual ajustada sazonalmente de 775 mil unidades.
O ritmo de vendas de janeiro foi revisado a 948 mil unidades, de 923 mil informadas antes.
Economistas consultados pela Reuters projetavam que as vendas de novas moradias, que respondem por uma pequena fatia das vendas totais nos EUA, recuariam 6,5%, para 875 mil unidades, em fevereiro.
4. Potencial retaliatório chinês às sanções de Biden e UE poderão entrar nos preços das commodities?
A fase 2 do acordo comercial entre Estados Unidos e China já parecia mais distante de ser negociada antes mesmo da recente reunião diplomática no Alasca. Agora, até a fase 1 entra no horizonte de potencial retrocesso, e os próximos passos de Pequim poderão chegar aos preços das commodities.
Calculadamente, o líder chinês Xi Jinping mandou retaliar a UE, mas deve estar avaliando como pode atingir os EUA se as sanções interferirem nos cortes de tarifas de seus produtos negociados pelo ex-presidente Donald Trump.
A retaliação mais à mão que o país asiático possui é contra as importações de produtos agropecuários americanos, acordados na fase 1, no início de 2020, e que ainda não atingiram o potencial, apesar da explosão dos embarques de soja, milho, trigo e carnes.
Mas as necessidades de abastecimento vão além da oferta brasileira, por exemplo, daí que os próximos eventos serão importantes para os operadores da Bolsa de Chicago.
Em 2020, a China comprou 60 milhões de toneladas de soja dos produtores americanos, quase 150% a mais sobre 2019.
Outro exemplo, pequeno se comparado aos embarques brasileiros, mas significativo em termos de crescimento, foi a carne bovina. Foram 30,9 mil toneladas, um avanço de 290%.
Dos US$ 200 bilhões em compras dos Estados Unidos, que agora o presidente Joe Biden coloca em xeque, US$ 12,5 bilhões seriam de compras chinesas do agronegócio no primeiro ano do acordo. Mais US$ 19,5 bilhões neste 2021.
Mesmo com as aquisições crescentes da China no mercado americano, o comércio com o Brasil também explodiu, a ponto de faltar soja até para as indústrias locais, que importaram mais.
E os preços subiram junto e chegaram à inflação.
Um pequeno corte que venha a ser retaliado por Jinping pode oferecer um suporte para as cotações acima das expectativas.
E ainda há as pendências sobre negociações envolvendo tecnologias e propriedade intelectual que o governo Biden faz coro ao seu antecessor, que se forem alvo de novas ações americanas incendiará mais o tabuleiro geopolítico com repercussões na economia.
5. Banco Mundial amplia financiamento a vacinas e vê comércio no centro da recuperação econômica
O Banco Mundial terá programas de vacinação em 30 países até o fim de abril, com apoio de cerca de 2 bilhões de dólares em financiamento, disse nesta terça-feira o presidente do grupo, David Malpass, acrescentando que a expansão do comércio é importante para a recuperação dos países em desenvolvimento.
Em evento online da Organização Mundial do Comércio (OMC), Malpass afirmou que a International Finance Corporation –braço do setor privado do Banco Mundial– interveio para preencher um vácuo deixado por correspondentes bancários e disponibilizou cerca de 10 bilhões de dólares em financiamento comercial e capital de giro desde que a crise começou.
“Achamos que o comércio estará no centro do processo de recuperação”, disse Malpass. “Agora é a hora, acho, de reduzir tarifas e restrições regulatórias e de trabalharmos com os países diretamente para tentar sustentar esses esforços.”