AgroTimes

O que fazer com as ações de São Martinho (SMTO3) após os resultados? Veja análises

12 nov 2024, 12:43 - atualizado em 12 nov 2024, 18:30
são martinho smto3 (7)
(Imagem: LinkedIn/ Divulgação/ São Martinho)

A São Martinho (SMTO3) reportou seus resultados referentes ao segundo trimestre da safra 2024/2025 (2T25), com uma queda de 55,2% no lucro líquido, que ficou em R$ 187,5 milhões.

Na avaliação do BTG Pactual, os resultados ficaram acima das expectativas, mas a atualização para o guidance foi pior do que o esperado, principalmente para o mix no ano-safra 24/25, que saiu de 54%-46% para 61%-39%, ainda mais alcooleiro. Segundo a empresa, os incêndios nos canaviais levaram a uma proporção maior da produção para o etanol.

O banco ainda mantém a ação da São Martinho como a sua top pick (ação favorita) dentro do setor de açúcar e etanol, apoiada por sua base de ativos incomparável (baixos custos de produção) e alocação de capital disciplinada. O BTG continua vendo o segmento de açúcar e etanol como um dos poucos que oferecem uma perspectiva de preço atraente entre as commodities agrícolas.

“Combinar um capex mais alto e margens mais baixas de um mix de etanol aumentado deve significar menor geração de FCF ( Fluxo de Caixa Livre) este ano e menos história de rendimento de FCF no curto prazo. Continuamos compradores (preço-alvo de R$ 38 e potencial de alta de 54,91%) como uma proposta de 12 meses, apoiada por uma avaliação ainda decente em um rendimento de FCF recorrente de 9% no FY2026″, explicam Thiago Duarte, Guilherme Guttilla e Pedro Soares.

Nesta terça-feira (12), SMTO3 terminou a sessão com queda de 4,23%, a R$ 24,24.

XP viu um 2T25 forte para SMTO3

Apesar do impacto negativo dos incêndios que atingiram parte de São Paulo, a XP Investimentos viu um trimestre sólido para São Martinho, conseguindo compensar um mix forçado pior com volumes fortes (açúcar +22,3% e etanol +23,4% na comparação anual).

A receita líquida foi de R$ 1,96 bilhão (alta anual de 28% e 7% acima da estimativa da XP) e o Ebitda ajustado foi de R$ 943 milhões (avanço de 44% em 12 meses e 24% acima do esperado), um resultado positivo principalmente devido à diluição de custos maior do que o esperado e ao aumento do etanol, com preços subindo +15,1% a/a.

“A empresa atualizou seu guidance com melhorias na operação de etanol de milho, com um capex maior e um mix de açúcar de 39%, o que é esperado. À medida que a temporada de moagem termina, esperamos que os preços do etanol sustentem sua tendência de alta e que o açúcar mantenha os preços favoráveis atuais, o que deve levar a uma ação de preço positiva à luz deste trimestre”, comentam Leonardo Alencar e equipe.

A casa de análise conta com uma recomendação neutra para ação, com preç0-alvo de R$ 33,20 e potencial de alta de 37%.

Visão da Trígono Capital para São Martinho

Para Pedro Resende, analista da renda variável da Trígono Capital, gestora especializa em small caps com R$ 2,5 bilhões sob gestão, os resultados da São Martinho foram bem sólidos, reflexo de melhores preços e volumes comercializados, principalmente do etanol, que avançou 15% quando comparado ao mesmo trimestre do ano passado. Ele também destaca o menor custo caixa unitário, que foi cerca de 5% menor. A gestora conta com uma posição na empresa.

“Lembrando que o mix está mais alcooleiro. No próximo ano, a safra será mais açucareira, já refletindo essa retomada do preço. O mercado de açúcar segue bem pressionado, sem muito espaço para aumento de ofertas, principalmente em relação a Índia e Tailândia. Quando falamos de etanol, a produção será compensada no momento em que os preços estão melhorando. E apenas 39% da expectativa de produção já foi comercializada”, diz.

No segundo semestre do ano-safra, Resende projeta uma melhora na comercialização do etanol, a partir de uma retomada dos preços. O grande destaque, segundo ele, fica para o etanol de milho e começa a se beneficiar dos menores preços do grão, que caiu 29%, e maiores do etanol, que subiu 23%. Só neste trimestre, a unidade de etanol de milho contribuiu com R$ 43 milhões no lucro operacional.

Novos investimentos e planos para o longo prazo

O analista chama atenção para os investimentos em modernização e expansão. Principalmente para o projeto das colhedoras de duas linhas, com redução do consumo de diesel, um dos maiores custos agrícolas na operação da São Martinho. Fora isso, a empresa também está em processo de expansão da capacidade de cristalização das unidades de São Paulo.

“A partir da safra 25/26, eles devem adicionar mais 100 mil toneladas de açúcar nessa capacidade instalada. Vamos ter um mix muito mais açucareiro no próximo ano, assim como a expansão da área irrigada, que visa um aumento de produtividade e longevidade do canavial”, discorre.

Outro ponto reforçado por Resende fica por conta do papel da cana-de-açúcar na descarbonização, com aplicações para etanol, SAF, hidrogênio verde e bioplástico no longo prazo. No curto prazo, a lei do Combustível do Futuro, que cria mandatos para o SAF a partir do biometano, além do aumento da mistura de etanol anidro na gasolina, que pode chegar ao teto de 35%, são gatilhos.

“A São Martinho já está com o projeto da planta de biometano em construção, um investimento de R$ 250 milhões na Unidade Santa Cruz, que vai produzir cerca de 15 milhões de metros cúbicos de biometano por safra e representará apenas 20% do potencial de biometano da São Martinho, o que antes era resíduo e hoje passa a criar valor para a companhia”.

Ele reforça que a atual precificação de mercado, em R$ 8,4 bilhões, não leva em conta toda a cana própria da companhia, as instalações industriais e nem a geração de caixa do negócio, que é bem rentável. No ano passado, os 54 mil hectares de terras próprias da empresa foram avaliados em R$ 6,3 bilhões, que é 75% do valor de mercado atual da São Martinho.

“A companhia tem sinalizado isso com um programa bem agressivo de recompras. Desde março , eles já recompraram mais de 14 milhões de ações e cancelaram mais de 21 milhões. São 6% das ações totais, o que mostra a confiança da companhia no momento atual”.

Compartilhar

TwitterWhatsAppLinkedinFacebookTelegram
Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo.
pasquale.salvo@moneytimes.com.br
Linkedin
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo.
Linkedin

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar