Moedas

O que levou o dólar a interromper três semanas de queda?

19 maio 2023, 17:14 - atualizado em 19 maio 2023, 17:21
Dólar
Em relação ao fechamento da última sexta-feira, o dólar subiu 1,48%, embora essa tenha sido apenas a segunda alta semanal das últimas nove semanas (Imagem: Pixabay/scym)

O dólar fechou em alta frente ao real nesta sexta-feira, acumulando ganhos na semana, com investidores reagindo a novo revés nas negociações para subir o teto da dívida norte-americana, enquanto digeriam sinais misto do chair do Federal Reserve, Jerome Powell.

A moeda norte-americana à vista avançou 0,53%, a 4,9949 reais na venda, maior cotação de encerramento desde 8 de maio (5,0150).

Em relação ao fechamento da última sexta-feira, o dólar subiu 1,48%, embora essa tenha sido apenas a segunda alta semanal das últimas nove semanas.

Depois de abrir em leve baixa –segundo Márcio Riauba, gerente da mesa de operações da Stonex, provável reflexo de uma contração menor do que a esperada no índice de atividade do Banco Central (IBC-Br) de março–, o dólar ganhou fôlego já nos primeiros negócios e passou a maior parte do pregão em alta, mostrando forte volatilidade.

“Um contraponto que ainda não tem uma definição até o momento: não houve (resolução) referente ao teto da dívida dos Estados Unidos; é um impasse gigantesco… e isso é um fato de preocupação”, afirmou Riauba.

As negociações entre os republicanos da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos e o governo do presidente democrata Joe Biden sobre o aumento do teto da dívida de 31,4 trilhões de dólares do governo norte-americano foram interrompidas, disse o principal negociador republicano nesta sexta-feira.

No exterior, em um sinal de aversão a risco, várias divisas emergentes pares do real reverteram ganhos iniciais e passaram a cair frente ao dólar nesta sexta-feira, com destaque para pesos mexicano e chileno e rand sul-africano.

O índice do dólar contra uma cesta de pares fortes, no entanto, recuava cerca de 0,35%, o que, segundo alguns participantes do mercado, ajudou o real a encerrar o pregão um pouco acima das mínimas do dia, quando chegou a ser negociado em 5,0033 por dólar.

Segundo Bruno Perottoni, diretor de tesouraria do Braza Bank, alguns comentários de Powell ajudaram a sustentar o humor do mercado global, principalmente depois de ele sugerir que o juro básico norte-americano talvez não precise avançar tanto quanto se pensava por conta da contração da oferta de crédito.

Ainda assim, o chair do Federal Reserve disse que ainda não está claro se a taxa básica de juros dos Estados Unidos precisará subir ainda mais, conforme autoridades do banco central avaliam a incerteza sobre o impacto de aumentos anteriores nos custos de empréstimos.

Juros mais altos normalmente tendem a impulsionar a moeda local, uma vez que tornam os retornos do mercado de renda fixa do país em questão mais atraentes para investidores estrangeiros. Da mesma forma, reduções nos juros podem levar a um redirecionamento de recursos para países mais rentáveis.

Na cena doméstica, investidores continuaram monitorando a tramitação do arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados, enquanto acompanharam falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em evento do Banco Central.

O ministro voltou a dizer que há espaço para cortes de juros no Brasil e argumentou que debater essa possibilidade não significa afrontar a autoridade monetária, ao mesmo tempo que defendeu novamente uma revisão no prazo de cumprimento das metas de inflação.

Apesar do salto desta semana, o dólar ainda está em patamares considerados mais baixos, em torno da faixa de 5 reais, e acumula queda de mais de 5% até agora em 2023. A divisa tem sido pressionada, em grande parte, pelo nível elevado da taxa Selic, de 13,75%, embora parte dos mercados também cite alguma redução de temores fiscais com a apresentação do novo arcabouço para as contas públicas.

Já Robin Brooks, economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais, acredita que os movimentos do real têm tido relação mais estreita com fatores externos, como a inflação norte-americana e as expectativas sobre a política monetária do Fed.

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