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O que Luis Stuhlberger pensa da crise atual? Veja a íntegra da carta do Fundo Verde

09 mar 2020, 19:00 - atualizado em 09 mar 2020, 19:00
“Não faltavam razões para agressividade de política monetária global, e esta (petróleo em queda) será mais uma”

Enquanto a crise gerada pelo coronavírus é ruim, mas que possui um caminho conhecido – estabilização dos casos em algum momento -, os efeitos secundários da forte queda de 30% do petróleo “especialmente nos mercados de crédito globais, são preocupantes”.

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Esta é a visão da gestora Verde Asset comanda por Luis Stuhlberger, que tem adotado uma visão “gradualista”.

Segundo a carta distribuída nesta segunda-feira (9) aos cotistas (veja a íntegra abaixo), o Verde tem aumentado as posições em ações do fundo aos poucos, focando no mercado acionário americano. Wall Street é visto como mais resiliente e que deve voltar primeiro.

“Não faltavam razões para agressividade de política monetária global, e esta será mais uma. No médio prazo, é pouco provável que a aliança (entre Rússia e Opep) seja retomada, e devemos conviver com preços mais baixos de energia, o que transfere renda do bolso dos países árabes para os consumidores do mundo ocidental. Mas no curto prazo é um choque adicional nos mercados, que já vêm em posição frágil”, aponta.

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Veja o texto completo:

O Verde teve perdas concentradas nas posições de ações, tanto no Brasil quanto no livro global, por conta da piora do cenário. Não houve ganhos relevantes no mês.

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O choque trazido pelo coronavírus se espalhou pelo mundo. Um mês atrás a epidemia parecia em grande medida um evento restrito à China, com efeitos econômicos pelo mundo todo. Ao longo de fevereiro, a epidemia tomou corpo primeiro na Coréia do Sul, em seguida na Itália, e já vemos mais de uma centena de países com casos confirmados até aqui.

Os efeitos econômicos, primeiramente focados nos impactos na economia chinesa, e consequências nas cadeias de suprimento globais, agora tomam outra proporção. Todos os setores ligados ao turismo já efetivamente estão em recessão, e agora começamos a debater os impactos do crescimento do número de casos nas grandes economias do mundo ocidental, como Estados Unidos, França e Alemanha.

A visão que temos mantido desde o início deste processo tem três pilares:

(i) os mercados tendem a estabilizar conforme as taxas de crescimento do número de novos casos desaceleram (em outras palavras, o que importa é a segunda derivada);

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(ii) conforme as temperaturas no Hemisfério Norte subam, a doença deve refluir;

(iii) a reação de política pública, seja monetária, seja fiscal, tem um papel importante em mitigar pânicos no mercado.

Neste contexto, conscientes de que o item (i) ainda está longe de ser resolvido – especialmente porque os Estados Unidos fizeram uma opção política por demorar em testar as pessoas – é que temos adotado uma estratégia gradualista, de aumentar as posições em ações do fundo aos poucos, focando no mercado acionário americano, que consideramos o mais resiliente e que deve voltar primeiro, quando as condições acima tiverem sido preenchidas

Os impactos negativos do coronavírus já são notícia ruim suficiente, mas a eles se juntou o choque deflacionista trazido pelo colapso do preço do petróleo. A aliança entre Rússia e Arábia Saudita no âmbito da OPEP+, que vinha suportando o mercado global de petróleo através de cortes voluntários de produção, implodiu no último fim de semana, levando o preço do barril para a casa de trinta dólares.

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Os efeitos secundários dessa queda, especialmente nos mercados de crédito globais, são preocupantes.

Não faltavam razões para agressividade de política monetária global, e esta será mais uma. No médio prazo, é pouco provável que a aliança seja retomada, e devemos conviver com preços mais baixos de energia, o que transfere renda do bolso dos países árabes para os consumidores do mundo ocidental. Mas no curto prazo é um choque adicional nos mercados, que já vêm em posição frágil.

O fundo mantém por volta de 20% do portfólio alocado em ações no Brasil.

A exposição em ações globais veio sendo aumentada ao longo do mês, e hoje também chega a 20% do fundo. As posições em juros se mantêm similares. Em moedas as alocações continuam pequenas, com destaque para a posição comprada em Libra contra o Euro.

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Fundador do Money Times | Editor
Fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.
gustavo.kahil@moneytimes.com.br
Fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.